Universidade de Roma cria laboratórios de “ciência do sabor” e lança a academia culinária italiana

Na Itália, a comida nunca é apenas comida. É memória, identidade, afeto familiar, território e, cada vez mais, ciência. Prova disso é a curiosidade que acaba de surgir na capital italiana: um conjunto de laboratórios universitários totalmente dedicados ao estudo do alimento, da gastronomia e das tradições culinárias que fazem do país um ícone mundial. Em Roma, berço de uma cultura milenar, até a universidade decide colocar as mãos na massa.

A partir de 9 de dezembro, a Universidade Roma Tre inaugura oficialmente seus novos laboratórios didáticos e de pesquisa ligados ao curso de Ciências e Culturas Enogastronômicas, um dos mais prestigiados do país e reconhecido pelo Ministério da Universidade e Pesquisa como Departamento de Excelência. O novo polo, instalado em Ostia, ocupa 250 m² equipados com tecnologia de ponta – algo ainda raro no sistema universitário público italiano – e reflete o peso que a gastronomia tem na economia, na cultura e na vida cotidiana da Itália.

Os espaços foram planejados para unir tradição e inovação. Há um grande laboratório didático de alimentação, de cerca de 65 metros quadrados, com dez bancadas e vinte estações de trabalho para os estudantes, além da área do professor — um verdadeiro “ateliê do sabor” onde os jovens aprendem técnicas, analisam ingredientes e estudam processos produtivos. Outro ambiente, de proporções semelhantes, é dedicado exclusivamente à pesquisa científica sobre alimentos, fortalecendo a ponte entre universidade e setor agroalimentar.

Completam a estrutura dois laboratórios voltados à gastronomia e às chamadas ‘artes brancas’ (a confeitaria e as preparações que envolvem farinhas, massas e pães. Lugares onde ciência, tradição e criatividade se encontram, reafirmando a importância de formar profissionais capazes de compreender e reinventar o patrimônio culinário italiano.

O reitor Massimiliano Fiorucci resume a filosofia por trás do investimento. “O setor enogastronômico é um dos motores da cultura do nosso país. Formar profissionais capazes de compreendê-lo, valorizá-lo e reinventá-lo é um compromisso que assumimos com grande responsabilidade”.

Com esses novos laboratórios, Roma Tre não está apenas ampliando sua oferta acadêmica, mas está consagrando oficialmente aquilo que todo italiano já sabe: cozinhar é cultura, é identidade e é futuro. E, para quem olha a Itália de fora com admiração (incluindo milhares de brasileiros apaixonados pela mesa italiana), é fascinante ver que o país continua levando sua tradição culinária a sério, até mesmo onde menos se espera: dentro de uma universidade pública.