A pitoresca Siena, na região da Toscana, foi palco de um incidente insólito neste último domingo (27), quando um carro com três turistas brasileiros a bordo ficou preso em uma escadaria no seu centro histórico. O episódio, aparentemente causado por uma orientação equivocada de um sistema GPS, adiciona mais um caso à crescente lista de veículos que, por engano, invadem locais inusitados na Itália.
Os viajantes, em um momento de confusão com a navegação, tentaram descer da Via San Martino para o Vicolo dell’Oro. O que parecia uma rua comum no mapa digital, na realidade, é uma escadaria com mais de 20 degraus que conecta as duas vias. O veículo ficou imobilizado logo nos primeiros degraus, impossibilitado de prosseguir ou recuar.
Enquanto dois dos passageiros conseguiram sair do automóvel por conta própria, o motorista precisou permanecer no carro, mantendo o pé no freio para evitar que o veículo descesse ainda mais pela escadaria íngreme. A situação exigiu a intervenção do corpo de bombeiros local, que prontamente atendeu à ocorrência e trabalhou para remover o carro em segurança, garantindo que ninguém se ferisse e que a estrutura histórica não fosse danificada.
Desde meados de junho de 2025, já ocorreram ao menos dois outros casos semelhantes:
IEm Spoleto, região da província de Perúgia, um turista dirigiu um carro por uma escadaria exclusiva para pedestres que leva à praça da catedral local. Ele e a acompanhante foram multados por violar o artigo 143 do Código de Trânsito italiano, apesar de possuírem uma permissão para acesso ao centro histórico.
Em Roma, um motorista de 81 anos seguiu provável instrução equivocada ou perdeu-se, e acabou descendo parcialmente com o carro pela famosa escadaria da Piazza di Spagna (Spanish Steps). O veículo ficou entalado no meio dos degraus e precisou ser removido por guindaste dos bombeiros. Ele realizou teste de bafômetro que deu negativo, não se feriu, mas foi notificado por condução imprudente e possível dano a bem cultural.
Por que acontece com frequência em cidades históricas?
- Muitas vias medievais ou renascentistas, como em Siena ou Spoleto, foram construídas sem previsão para veículos modernos. Porém, aplicativos de GPS nem sempre reconhecem restrições como largura de rua ou proibição de carros, o que leva motoristas a seguir rotas inadequadas.
- Autoridades italianas alertam que, especialmente em centros históricos, é essencial combinar tecnologia com bom senso, buscando informações locais antes de seguir rotas sugeridas.
Consequências jurídicas e operacionais
- Em Spoleto, o motorista recebeu multa por violar normas de trânsito, mesmo portando permissão de acesso à área.
- Em Roma, além da operação do guindaste, o condutor foi investigado por possíveis danos ao patrimônio histórico. A escadaria foi isolada temporariamente para inspeção estrutural, sem danos permanentes detectados até o momento.
- Em Siena, embora ainda não haja confirmação pública de multa, espera-se que as autoridades locais avaliem o ocorrido sob a violação de normas de trânsito e possíveis danos ao ambiente urbano.
Guia rápido para prevenir incidentes desse tipo
- Evite seguir GPS em modo de carro em centros históricos, especialmente se não forem rotas oficialmente recomendadas por hotéis ou turismo local.
- Pesquise mapas de ruas estreitas ou restritas a pedestres antes de dirigir em cidades medievais italianas.
- Fique atento à sinalização local: placas de pedestres, vias bloqueadas, acessos proibidos para autoveículos.
- Em caso de dúvida, pare e consulte moradores ou funcionários locais em vez de arriscar seguir um trajeto estranho.
- Tenha seguro ou assistência em viagem, pois remoções por guindaste e eventuais reparos podem gerar custos elevados.
O episódio em Siena é mais um lembrete de que a combinação entre tecnologia moderna (GPS) e cidades históricas pode ser perigosa quando falta informação local. O erro humano — especialmente em terrenos desconhecidos — e a baixa precisão de rotas em áreas protegidas criam situações que combinam risco, multas e prejuízos materiais. A lição principal: em cenários históricos europeus, condução exige cuidado, planejamento e respeito às regras territoriais.

