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“Turismo lento” na Itália: 88 cidades convidam a viver como um morador — e não como turista

ByStella Rimini

20 de junho de 2025 ,

Em um mundo cada vez mais acelerado, cresce o desejo por experiências de viagem que valorizem o tempo, as tradições e o contato genuíno com as culturas locais. Na Itália, um movimento tem se destacado por promover justamente essa abordagem: o turismo lento.

Liderado pela associação Cittaslow, a rede reúne hoje 88 pequenas cidades comprometidas em preservar a memória, a identidade e os saberes de cada comunidade — convidando visitantes não para “turistar”, mas para habitar, ainda que temporariamente, o espírito de cada lugar.

Ao contrário dos roteiros convencionais marcados por correria e selfies, o projeto oferece itinerários relaxantes e cuidadosamente pensados. Em um ou três dias, o viajante é convidado a participar de degustações, oficinas de artesanato, aulas de culinária e caminhadas pela natureza. A proposta é viver a cidade ao ritmo de seus habitantes, com olhos e coração abertos à sua história e seu cotidiano.

Baiso: entre ravinas, castelos e sabores da Emilia-Romagna

No vilarejo de Baiso, encravado nas colinas da Emilia-Romagna, um roteiro de três dias revela camadas de natureza e tradição. No primeiro dia, o visitante explora as impressionantes ravinas e o encantador centro histórico, onde uma pausa no famoso “banco gigante” oferece um cenário de cartão-postal das colinas romanholas.

O segundo dia convida a uma jornada pelo passado e pelas paisagens. Pela manhã, uma caminhada pela trilha Tresinaro, em meio ao verde, e à tarde, a imponente presença do castelo de Carpineti, fortaleza medieval com vista panorâmica do vale Secchia.

O último dia é um tributo à cultura local: degustações de pratos típicos, conversas com moradores e momentos de contemplação antes da partida.

Altomonte: saberes ancestrais na Calábria

No sul da Itália, em Altomonte, Calábria, a imersão é ainda mais profunda. O roteiro de três dias começa no campo: dependendo da estação, o visitante acompanha a colheita de azeitonas ou uvas, num convite à conexão com a terra.

No segundo dia, o centro histórico de Altomonte revela ruas de pedra e uma herança artesanal vibrante. Artesãos locais, verdadeiros guardiões de saberes transmitidos de geração em geração, abrem suas oficinas para mostrar técnicas em madeira, tecido e cerâmica.

O terceiro dia culmina em experiências de fazer e saborear: uma oficina de culinária calabresa, onde o visitante põe literalmente a mão na massa — ou, se preferir, um curso de cerâmica ou tecelagem, com peças únicas que carregam a alma do território. Claro, tudo sempre acompanhado das irresistíveis especialidades da cozinha calabresa.

Viver o tempo da cidade

Mais que um slogan, o turismo lento é um convite à vivência autêntica — um antídoto ao turismo massificado. Entre uma aula de culinária e uma conversa com um mestre artesão, entre um passeio pelas trilhas e um gole de vinho local, o visitante não coleciona apenas fotos, mas memórias reais, tecidas pelo contato humano e pelo tempo bem vivido.

Em tempos de viagens apressadas, as cidades da Cittaslow oferecem um outro ritmo: o do prazer de parar, de ouvir, de sentir. Afinal, às vezes, o verdadeiro luxo é ter tempo — e saber aproveitá-lo.

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