sáb. set 27th, 2025

Roma para quem tem fome: Os cafés da manhã que vão além do clássico

Esqueça tudo o que você ouviu sobre como se toma café da manhã na Itália.
Sim, o cappuccino ainda está lá, elegante e espumante como sempre. Mas olhe ao redor: Roma anda acordando com uma fome diferente. Uma fome mais salgada, mais ousada, mais internacional — e, por que não, mais divertida.

O que antes era um ritual leve e doce — um cornetto, um café, talvez um olhar preguiçoso para o dia — agora ganhou peso, personalidade e sotaques diversos. Em vez da pressa matinal, o prazer da pausa. Em vez do açúcar solitário, uma explosão de texturas: ovos, torradas crocantes, queijos curados, salmão defumado, bacon estalando.

No Babington’s, o salão de chá centenário à beira da Escadaria Espanhola, o café da manhã é tratado como um pequeno espetáculo britânico, com scones amanteigados, ovos Benedict que quase derretem no prato e um menu de chás digno de uma rainha. Mas é em lugares como o Coromandel, escondido nas ruas atrás da Piazza Navona, que as manhãs viram banquetes: panquecas com bacon e xarope de bordo, waffles veganos com creme de abacate, e ovos mexidos tão cremosos que poderiam ser pintados a óleo.

No Casa Manfredi, o croissant vira lanche salgado recheado de bresaola, o flat white substitui o cappuccino com discrição e a sensação é de estar em Melbourne, Paris e Roma ao mesmo tempo. Já no Faro, a ordem é clara: café de verdade, com torra artesanal, e pratos que tratam o ovo como arte — cozido, mexido, pochê, com arenque, cogumelos ou legumes da estação.

Mas Roma não apenas importou modismos — ela os transformou. No Forno Conti & Co., o pão de fermentação natural ganha recheios que misturam tradição e criatividade: shakshuka com pimentões italianos, pizza rossa de massa fina logo cedo, e sanduíches rústicos com queijos que parecem ter acordado diretamente da Idade Média.

Em Trastevere, o Ercoli 1928 devolve o café da manhã ao território italiano com tramezzini artesanais, paninis matinais e focaccias que lembram que o pão é, sim, um patrimônio nacional. Enquanto isso, no Le Levain, o toque francês desafia o paladar local com croissants salgados de salmão e tomates secos, ao lado de quiches que nos fazem esquecer que ainda é antes das 10 da manhã.

E tem mais: tem o tamago sando japonês no Mostro, tem o pão com stracciatella e salmão no Santis Sebastiano e Valentim, o croissant com presunto e figo no Gastromario, e até pizzas vermelhas no café da manhã no Grué, uma confeitaria que trata a primeira refeição do dia como um manifesto sensorial.

Roma, afinal, continua sendo Roma — mas com um sotaque matinal muito mais interessante com convites silenciosos para uma nova jornada, uma que não se faz a pé, mas com o paladar.

A cidade que há séculos serve banquetes à história agora serve cafés da manhã que são quase confissões. Confissões de desejo, de fome, de curiosidade. Confissões de que o dia, às vezes, precisa começar não com moderação, mas com entusiasmo.

O que você vai descobrir primeiro?

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *