seg. dez 8th, 2025

Roma cresce no turismo, mas expansão de B&B acende sinal de alerta

PorLuiz Antônio Cafiero

2 de dezembro de 2025 ,


Roma vive um momento extraordinário. Entre janeiro e outubro, a capital italiana recebeu 19,1 milhões de visitantes, um aumento de 3,7% em relação a 2024, superando o ano já considerado recorde. As presenças totais chegaram a 44,1 milhões, impulsionadas por mais de 10 milhões de turistas estrangeiros.

Os dados foram apresentados nos Estados Gerais do Turismo e confirmam o que os romanos veem nas ruas: hotéis cheios, museus lotados, cafés vibrantes e uma cidade cada vez mais magnética para o mundo.

O prefeito Roberto Gualtieri define o turismo como “uma indústria que impulsiona o renascimento da capital”, destacando a aposta em qualidade, sustentabilidade e profissionalização do setor. Roma quer ser uma cidade moderna, eficiente e acolhedora, sem renunciar ao charme que a transformou em um dos destinos mais desejados do planeta.

Mas entre tantas luzes, também há sombras. O boom dos B&B e dos aluguéis de curto prazo, que hoje somam cerca de 41 mil estruturas, está mudando o rosto da cidade. E não para melhor.

Bairro após bairro, moradores são substituídos por turistas, pequenos comércios tradicionais perdem espaço, e áreas inteiras começam a perder sua alma popular. É o fenômeno que o presidente da Região Lazio, Francesco Rocca, descreveu como “um esvaziamento que transforma os lugares mais belos de Roma em zonas elitizadas e sem vida”.

Por isso, Campidoglio e Região apresentaram um raro frente unido: é hora de regular o setor. A proposta não é frear o turismo, mas proteger o tecido social, garantir regras claras e evitar que a cidade se transforme em um “hotel a céu aberto”.

A revisão das normas deve ocorrer em colaboração entre Roma e Lazio, especialmente agora que a delega sobre turismo deve passar da região para o município.

Enquanto o governo nacional discute mudanças fiscais sobre os aluguéis de curto prazo, em Roma o debate é mais amplo: trata-se de equilibrar desenvolvimento e identidade, crescimento e qualidade de vida. Porque a capital quer – e pode – continuar crescendo, mas sem perder aquilo que a torna única: os seus moradores, a sua memória e o seu espírito romano.

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