Uma ponte entre fé e cultura foi renovada na Feira de Rimini, onde acontece a 46ª edição do Meeting pela amizade entre os povos, evento promovido pelo movimento Comunhão e Libertação de 22 a 27 de agosto.
Em uma mensagem transmitida pelo Cardeal Pietro Parolin, o Papa Leão XIV dirigiu uma calorosa saudação aos organizadores, voluntários e participantes, convidando-os a ler o tema do ano – “Nos lugares desertos construiremos com novos tijolos” – como um forte apelo à esperança: “A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se pedra angular… e quem nela crê não ficará desiludido. A esperança não decepciona.”
O Papa evocou o arquétipo religioso do deserto, “lugar rejeitado e inóspito”, onde, contudo, a Escritura narra continuamente a intervenção salvífica de Deus. É justamente na travessia das dificuldades que o povo amadurece a liberdade, e o deserto pode florescer, transformando-se em “jardim de esperança”.
Particularmente emocionante foi o apreço expresso por uma das principais exposições da edição de 2025, dedicada aos Mártires da Argélia. Neles, segundo o Pontífice, resplandece a vocação da Igreja a «habitar o deserto em profunda comunhão com toda a humanidade, superando os muros de desconfiança entre religiões e culturas», em plena imitação da Encarnação e da entrega de si do Filho de Deus.
No centro da mensagem estava, enfim, a exortação a abraçar a missão com humildade e testemunho autêntico, não como autopromoção, mas como resposta concreta de encontro e diálogo.
O Meeting è uma manifestação cultural e religiosa criada em 1980, uma das mais relevantes da Itália por seu contributo a um confronto aberto e inclusivo sobre temas culturais, religiosos e sociais. Entre as iniciativas: conferências, exposições, espetáculos, atividades esportivas, oficinas para jovens, livrarias e espaços de convivência. O evento reúne milhares de voluntários e visitantes de todo o país.
A abertura do Meeting foi marcada pelo encontro “Mothers for Peace”, que contou com a participação de figuras como Layla al-Sheik, mãe palestina, Elana Kaminka, mãe israelense, e a freira eritreia Aziza, unidas por uma dor comum e pelo desejo de paz.
Entre as mostras mais sugestivas, destaca-se o imenso papiro de 9 metros composto pela transcrição integral da Bíblia em latim. Uma obra única, idealizada por Gianluca Bosi, com forte referência à passagem das trevas para a luz, símbolo de renascimento espiritual.
Entre as intervenções no palco do Meeting destacou-se o ministro da Saúde, Orazio Schillaci, que chamou a atenção para temas de justiça social, pedindo um sistema de saúde equitativo, recursos adequados e o fim das disparidades regionais.
O evento, através da mensagem papal, não se limita às paredes da Feira; lança um olhar para toda a sociedade, convidando a construir, mesmo nos lugares menos férteis, novos percursos de esperança, diálogo e solidariedade. A pedra angular, longe de ser um símbolo estático, torna-se projeto vivo de comunidades que se unem com coragem e confiança.
