sex. ago 8th, 2025

Paciugo: a deliciosa bagunça que virou o sundae mais icônico (e nostálgico) do verão na Ligúria

Em tempos de minimalismo gastronômico e sobremesas que parecem obras de arte intocáveis, há um herói inesperado fazendo um retorno glorioso na Riviera da Ligúria: o Paciugo! E o nome já entrega a vibe: no dialeto local, “paciugo” significa “bagunça”, “mistura desordenada”. E é exatamente isso que essa taça de sorvete é: uma explosão despretensiosa de sabores e cores, transbordando alegria e calda. Prepare as colheres, porque a bagunça voltou para ficar!

Para quem cresceu antes da era das esferas perfeitamente moldadas e da “menos é mais” na gastronomia, o Paciugo é uma viagem nostálgica direto para aqueles verões despreocupados. Lembra das taças de sorvete que eram verdadeiros espetáculos à mesa? Espaguete de morango, ovos de sorvete falsos, montanhas de creme e caldas coloridas que definiam férias inteiras na Ligúria, onde as sorveterias ficavam abertas até tarde e cada colherada era um pedaço do paraíso. O Paciugo é a estrela dessa memória afetiva.

Onde a Bagunça ganhou nome: A lenda de Lina Repetto

A história dessa confusão deliciosa nos leva de volta a 1941 (ou, dizem as lendas, até aos anos 1920!). Aconteceu no icônico Caffè Excelsior, em Portofino – aquele mesmo que hoje pertence à Dolce & Gabbana! A mente brilhante por trás da bagunça foi Lina Repetto, a proprietária, que um dia decidiu brincar com o que tinha à mão. Em um copo grandão, ela misturou sorvete de baunilha, sorvete de framboesa, um montão de chantilly, frutas frescas de verão e um toque de xarope de grenadine.

Quando um cliente curioso (e sortudo!) perguntou o nome daquela maravilha, Lina, uma genovesa prática e de poucas palavras, simplesmente respondeu: “U l’é un paciugo” – que, como já sabemos, significa “é uma bagunça”. E assim, de uma resposta improvisada, nasceu uma lenda!

Do glamour do pós-guerra à industrialização: A fama da confusão

A fama do Paciugo explodiu! Rapidamente, ele se tornou a sobremesa queridinha das mesas de Tigullio e, no pós-guerra, virou um símbolo da “dolce vita” liguriana. Imagina só: nos anos 1960, até celebridades como Mina e Walter Chiari foram flagrados pelos paparazzi em Bogliasco, trocando olhares apaixonados e, claro, colheradas de Paciugo! Isso só solidificou a imagem da sobremesa como sinônimo de verão, leveza e pura despreocupação.

O sucesso foi tanto que o Paciugo até se “industrializou”! A Tanara, uma empresa de sorvetes de Parma, lançou uma versão embalada nos anos 1970, com direito a um jingle chiclete cantado pelo grupo Matia Bazar. Mas, sejamos honestos, o coração pulsante dessa bagunça sempre esteve em Portofino.

A Bagunça com regras: O segredo de um Paciugo perfeito

Apesar do nome, o Paciugo não é feito de qualquer jeito. Ele exige um certo equilíbrio, um “caos organizado”. Não basta jogar tudo no copo; são necessários ingredientes de qualidade e um gelato artesanal de primeira. A versão original de Lina Repetto tinha sorvete de baunilha e framboesa, chantilly fresquinho, frutas de verão e calda de grenadine. Com o tempo, surgiram pequenas variações: sorvete de morango, cerejas em calda espreitando entre as camadas, e até umas avelãs picadinhas para dar um toque crocante.

O fundamental é que ele mantenha aquela aparência exuberante, transbordante, que desafia a estética minimalista dos gelatos de hoje. Nada de quenelles perfeitas ou decorações milimétricas! No Paciugo, celebramos a abundância, a alegria quase infantil de uma sobremesa feita para ser compartilhada (ou devorada sozinha, sem culpa!), com o creme caindo pelas beiradas e a colher afundando até o fundo para garantir que cada camada seja saboreada.

O Paciugo hoje: Tradição reinventada na Ö Magazin Gelateria

Ainda hoje, o Paciugo é a estrela dos verões da Ligúria. Muito disso se deve à família Mussini, que há 30 anos inova na costa. Ao lado do famoso restaurante Portofino, eles abriram a Ö Magazin Gelateria há uns quinze anos, em um antigo armazém da família.

Lá, eles fazem gelato artesanal de leite com os melhores ingredientes e, claro, o Paciugo é obrigatório! A versão deles é fiel à alma da bagunça, com sorvete de baunilha, morango, cerejas pretas, um toque de suco, morangos frescos e muito chantilly.

A “vingança” dos sundaes de sorvete está em pleno vapor! Eles nunca sumiram, apenas ficaram um pouco escondidos. Mas agora, a era da abundância e da alegria descomplicada voltou. Então, da próxima vez que você estiver na Ligúria, esqueça a dieta por um momento e mergulhe de cabeça nessa “bagunça” deliciosa. O verão agradece!

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