qua. dez 17th, 2025

Onde haverá Olimpíadas de Milão-Cortina, caminharam dinossauros: a descoberta que emociona


Onde em breve atletas vão disputar as provas de esqui alpino e snowboard dos Jogos Olímpicos de Inverno de Milão-Cortina 2026, há cerca de 200 milhões de anos caminhavam dinossauros. A descoberta de milhares de pegadas fósseis no coração do Parque Nacional do Stelvio, na Alta Valtellina, entre Livigno e Bormio, revelou uma história quase inacreditável: aquelas montanhas que hoje evocam frio, gelo e esportes de inverno já foram um ambiente quente, próximo ao que hoje reconhecemos como tropical.



As marcas, impressas em paredes de dolomita quase verticais na região da Val di Fraele, pertencem a grandes dinossauros herbívoros de pescoço longo e datam do período Triássico. São as primeiras pegadas de dinossauros já identificadas na Lombardia e, pela quantidade, nitidez e estado de conservação, formam o mais importante sítio de trilhas fósseis desse período em toda a Europa. Não por acaso, o local já ganhou um apelido sugestivo: Triassic Park.

A descoberta aconteceu quase por acaso. Foi durante uma caminhada nas montanhas que o fotógrafo Elio Della Ferrera, munido de binóculos e à procura de imagens da época de acasalamento dos cervos, percebeu algo estranho nas rochas. O que parecia apenas um jogo de sombras revelou-se um verdadeiro arquivo pré-histórico, gravado na pedra e preservado por milhões de anos.

O achado surge a poucos meses dos Jogos Olímpicos de Inverno de Milão-Cortina 2026, que terão justamente nessas montanhas alguns de seus palcos mais emblemáticos. Para as instituições locais, trata-se de um encontro simbólico entre passado remoto e futuro. Um território que se prepara para receber o mundo com neve, esportes e tecnologia agora também mostra um capítulo inesperado da história da Terra.

A Valtellina, aliás, parece ter um talento especial para revelar segredos do tempo. No ano passado, na mesma região, foram identificadas as mais altas incisões rupestres da Europa, a cerca de 3.000 metros de altitude, aos pés do glaciar do Pizzo Tresero. Gravuras que remontam à Idade do Bronze e que, assim como as pegadas dos dinossauros, ampliam o significado cultural dessas montanhas muito além do turismo esportivo.

Agora, o desafio é transformar essa descoberta extraordinária em conhecimento acessível. A ideia é que o sítio possa se tornar um espaço de visitação educativa, especialmente para estudantes, e que museus italianos reproduzam as trilhas fósseis em exposições futuras. Um convite para imaginar um mundo antigo, quando não havia esquis nem pranchas de snowboard, mas passos gigantes gravados na rocha.

Entre gelo e memória, entre Olimpíadas e dinossauros, a Lombardia lembra que algumas paisagens não contam apenas histórias humanas. Elas guardam, silenciosas, as marcas de eras inteiras.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *