Com «profundo pesar», o Grupo Armani anunciou hoje, 4 de setembro, a morte de seu estilista e fundador, Giorgio Armani, aos 91 anos. Armani faleceu serenamente em sua casa em Milão, cercado por seus entes mais próximos, após um período de saúde frágil que o havia levado a cancelar seu primeiro desfile em Milão em junho de 2025. Uma câmara ardente será montada ao longo do fim de semana em Milão, seguida por um funeral privado, conforme comunicado pela maison.
Um capítulo que se encerra, um legado que permanece
Armani encarnou a elegância italiana no mundo, transformando a moda com linhas minimalistas, alfaiataria e androginias, criando um império global que vai da alta-costura aos perfumes, do prêt-à-porter a hotéis e estabelecimentos de luxo.
As razões do sucesso
• Visão inovadora: Armani soube desconstruir a moda masculina e feminina, propondo linhas essenciais que privilegiam o conforto sem abrir mão da elegância.
• Conexão com o cinema e o star system: dos anos 1980 até hoje, Hollywood foi uma vitrine insubstituível. Memoráveis seus figurinos criados para American Gigolo, com Richard Gere.
• Diversificação inteligente: das linhas de moda acessíveis aos hotéis de luxo, Armani construiu um ecossistema coerente.
• Estética universal: o estilo sóbrio e sofisticado tornou a marca reconhecível globalmente, adaptando-se a diferentes culturas.
Apelidado de “Re Giorgio”, era conhecido por seu envolvimento total — da criatividade aos negócios — e por ter transformado Milão em uma capital internacional da moda contemporânea.
Quem assumirá o legado? Sucessão orgânica, não ruptura
Armani havia delineado há tempos um plano de sucessão pensado como uma transição gradual, e não uma mudança traumática. Em entrevistas, o estilista expressou o desejo de que a liderança fosse confiada «às pessoas mais próximas a mim, como Leo Dell’Orco, os membros da minha família e toda a equipe de trabalho». Leo Dell’Orco, responsável pelo design masculino e seu braço direito, surge como figura-chave nesta passagem geracional. Já em 2016 havia sido adotado um estatuto societário que previa uma estrutura complexa de governança, com envolvimento da família, colaboradores de confiança, entre eles Dell’Orco, e uma fundação dedicada a preservar os valores da marca. Armani havia deixado claro que a estrutura escolhida garantiria independência e continuidade, desejando ao mesmo tempo uma sucessão orgânica e respeitosa de sua visão.
O Arquivo, guardião da memória estilística
O legado cultural de Armani não se limita às criações sob medida: o Armani/Silos, inaugurado em 2015 no coração de Milão, representa um testemunho tangível de seu trabalho. Um espaço que não é apenas museu, mas um laboratório vivo de memória, testemunho da evolução estilística de suas coleções através de temas como o andrógino, as etnias e o red carpet, valores que definiram sua marca estética.
Mas o legado mais importante é o Armani/Archivio, disponível online em archivio.armani.com e lançado há poucos dias, que representa uma vitrine sem precedentes sobre o patrimônio do estilista: milhares de looks originais das coleções masculina e feminina, rigorosamente documentados, foram digitalizados e disponibilizados ao público.
Um legado que continua
Giorgio Armani deixa uma marca profunda na história da moda moderna, reinterpretando a elegância formal e libertando-a da rigidez. Seu valor empreendedor e sua solidez financeira, com receitas bilionárias e um patrimônio pessoal superior a bilhões, também evidenciam sua capacidade de unir criatividade e visão de negócios. Agora, com sua morte, abre-se uma nova fase: um desafio pautado pelo respeito a um legado cultural, estilístico e organizacional que será confiado a seus colaboradores mais próximos, à sua família e à estrutura por ele mesmo definida.
Armani não abandona a cena: sua visão, sua estrutura e seus arquivos garantem que a marca continue a encarnar a elegância atemporal, entre memória, inovação e continuidade.