Natal 2025 na Itália: mais dinheiro no bolso, mais compras – mas tudo mais caro

Na Itália, o Natal deste ano promete ser um pouco mais farto. Segundo um estudo da Confcommercio, as famílias italianas devem movimentar cerca de 50 bilhões de euros em dezembro entre presentes, viagens, refeições fora e pequenos “mimos” pessoais. O clima é de cauteloso otimismo: a inflação está mais controlada, o emprego em alta e o rendimento médio das famílias cresceu em relação aos últimos anos.

Na prática, isso significa que cada núcleo familiar deve gastar em média 1.964 euros, cerca de 53 euros a mais do que em 2024. Se comparado a 2019 e 2008, o aumento é ainda mais evidente, sinal de que os italianos estão dispostos a viver um Natal menos contido, depois de um longo período de incertezas económicas.

Uma parte importante desse dinheiro vai para os presentes de Natal, estimados em cerca de 10,1 bilhões de euros, o valor mais alto desde 2020. Os campeões continuam sendo brinquedos, perfumes e artigos de papelaria. Muitos já aproveitaram o Black Friday para antecipar as compras, tendência que vem se consolidando: um “meio Natal” em novembro, que alivia o bolso em dezembro, mas mantém o volume total de consumo elevado.

Ao mesmo tempo, os italianos querem se presentear. Além daquilo para amigos e familiares, cresce o gasto com eletrodomésticos, restaurantes, cinema, teatro, museus e bem-estar pessoal. A mensagem é clara: não será um Natal “triste”, mas um período em que muitos tentam retomar o prazer de aproveitar a festa.

Do outro lado, as associações de defesa do consumidor lembram que o cenário não é tão doce quanto parece. O Codacons chama atenção para os aumentos fortes em alimentos e turismo, enquanto a Federconsumatori fala em “custos inaceitáveis” nos transportes, que pesam sobretudo para quem precisa viajar para rever a família.

Um estudo do Centro di Formazione e Ricerca sui Consumi (CRC) mostra bem o impacto no clima natalino: o preço médio de panetones e pandoros industriais subiu cerca de 42% em relação a 2021 e, nas versões com chocolate, os aumentos chegam a quase 89%. Ou seja, até o símbolo doce do Natal italiano está bem mais salgado.

No setor de transportes, o problema é parecido: passagens de avião e de trem mais caras tornam as viagens de fim de ano um luxo para muitos. A Federconsumatori já anunciou que vai continuar denunciando à autoridade antitruste e aos órgãos de controle o que considera práticas especulativas em períodos festivos.

Entre números positivos e contas mais altas, o retrato é típico da Itália: mesmo com tudo caro, o desejo de não abrir mão da festa continua forte. O consumo cresce, as cidades se enchem de luzes e vitrines decoradas, e as famílias tentam equilibrar planilha e emoção.

No fim, o Natal italiano de 2025 será exatamente assim: um pouco mais rico nos números, mais caro na prática, mas ainda carregado daquela vontade de celebrar que nem a inflação consegue apagar.