qui. jun 19th, 2025

Mais que um Café: A estratégia das grifes para vender um estilo de vida

Nos últimos anos, cada vez mais marcas de moda abriram cafeterias, bares e espaços de experiência onde o espresso ou o cappuccino são tão protagonistas quanto uma peça de roupa. Mas por que as maisons de luxo (e não só elas) estão se aproximando do universo do café?

O café como extensão do lifestyle

O café não é apenas uma bebida: é um ritual social, uma pausa, um símbolo de estilo de vida. Oferecer café significa entrar no cotidiano das pessoas, reforçar a identidade da marca e criar uma experiência imersiva.
A Prada relançou a tradicional “Marchesi 1824”, a Gucci inaugurou o “Gucci Giardino 25” em Florença, a Ralph Lauren apresenta seus “Ralph’s Coffee” em várias cidades do mundo — e a Louis Vuitton não ficou de fora. Em Osaka e Paris, a marca abriu espaços como o Le Café V e o Sugalabo V, com assinatura de chefs renomados.
A Dior aposta no refinado Café Dior, presente em Seul, Miami e outros destinos fashion, onde gastronomia e elegância se encontram.

A Armani, pioneira na ideia de lifestyle total, desenvolveu o Emporio Armani Caffè, combinando design italiano, culinária sofisticada e atmosfera cosmopolita.
Já a Dolce & Gabbana, conhecida por seu estilo exuberante e mediterrâneo, levou seu DNA visual também para o mundo da gastronomia com espaços como o Martini Bar by Dolce & Gabbana em Milão — um local onde moda, drinks, café e tradição italiana convivem em perfeita harmonia.

Estratégia de branding experiencial.

No marketing contemporâneo, a experiência é tudo. As cafeterias assinadas permitem viver a marca de forma multissensorial: do sabor à decoração, da música à interação com a equipe. Entrar em um café da Dior, no Armani Caffè, no Le Café V da Louis Vuitton ou no bar da Dolce & Gabbana não é apenas tomar um espresso — é mergulhar em um universo de estilo, design e desejo.

Novos pontos de contato com o público

Os cafés e bistrôs se tornam pontos de contato alternativos, menos formais do que uma loja tradicional. São lugares mais acessíveis onde mesmo quem não consome moda de luxo pode experimentar “um gostinho” da marca. É uma estratégia de democratização controlada do luxo: um cappuccino por “30 Reais” pode ser o primeiro passo rumo à fidelização.
No varejo físico, o tempo que o cliente passa no ambiente é uma métrica valiosa. Integrar uma cafeteria a um showroom ou flagship store prolonga a visita, estimula o convívio e incentiva o compartilhamento nas redes sociais. As pessoas tiram fotos, marcam as marcas, geram conteúdo espontâneo — marketing orgânico e poderosíssimo.

Expansão para o lifestyle e hospitalidade

O café é só o começo. Muitas maisons estão entrando no setor de hospitalidade e gastronomia de luxo, com o objetivo de construir um ecossistema completo. Da bolsa ao brunch, do perfume ao prato assinado: a marca vira um universo onde o cliente pode habitar durante o dia inteiro.
Louis Vuitton já planeja abrir hotéis próprios.
Dior investe em experiências sensoriais e culturais completas.
Armani lidera com seu império que inclui restaurantes e hotéis cinco estrelas.
Dolce & Gabbana, por sua vez, avança no segmento de gastronomia e bebidas com identidade siciliana, lançando inclusive colaborações com marcas de vinho, panettones e cafés premium com visual icônico.
Por enquanto sim as grandes marcas de moda estão servindo café. Mas não é só para seguir uma tendência ou diversificar a receita. Elas fazem isso porque o café é um canal poderoso para contar histórias, transmitir valores e construir desejo. Em cada xícara, elas servem muito mais que cafeína: servem identidade, estética e experiência.

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