Ah, o Natal…
Desde muito pequena, aprendi que o verdadeiro espírito do Natal não está no brilho das luzes ou nas cores das embalagens. O Natal, para mim, sempre foi sobre o que é intangível, mas profundo: sobre a família, sobre o amor que se compartilha, sobre aquele momento de sentar à mesa com quem a gente ama e sentir a gratidão pulsando no coração. Era assim que minha mãe me ensinava. E ela, com sua força silenciosa e sua fé inabalável, me mostrava, a cada gesto, que o Natal era mais do que uma data. Era um sentimento que se fazia presente o ano todo, mas que no final de dezembro se manifestava de uma forma única, quase mágica.
Minha mãe era uma mulher guerreira. Com um coração imenso, ela sempre fez questão de me ensinar o valor do cuidado, do respeito, da generosidade e da tradição. E como ela amava o Natal! Ela começava os preparativos semanas antes, com uma alegria contagiante. A árvore era montada com tanto carinho, cada enfeite colocado com a delicadeza de quem sabia que aquele não era apenas um ornamento. Era um símbolo de união, de acolhimento. Os presentes, simples, mas escolhidos com tanta atenção, representavam o que o Natal realmente significava: o ato de dar, o gesto de dizer “eu te amo” de uma forma que transcendia o material.
A ceia… ah, a ceia. Minha mãe se entregava a ela de corpo e alma. Cada prato, cada receita, trazia um pedaço dela, um pouco da sua história. E a mesa, a mesa tinha algo de sagrado. Ela sempre dizia que, na noite de Natal, havia um lugar de honra, o “lugar do convidado especial”. E esse lugar era para Ele, para Jesus. Não que Ele não estivesse conosco o resto do ano, mas naquela noite, Ele era convidado para se sentar conosco, para dividir o nosso pão, para fazer parte daquele momento que, para minha mãe, era o mais importante do ano.
O que mais me marcava era o cuidado com que ela fazia tudo. Não era só a comida, ou os presentes, ou os enfeites. Era a maneira como ela me preparou para entender o real significado do Natal. Ele não estava nas coisas que temos, mas no que somos capazes de dar, de compartilhar. No amor que expressamos, nos gestos pequenos e imensos. Na oração silenciosa antes de cada refeição, em nosso coração batendo mais forte, grato por estarmos ali, juntos.
Hoje, os anos passaram. Minha mãe não está mais aqui, mas o Natal… ah, o Natal. Ele continua. Não da mesma forma, claro, porque as coisas mudam e a vida vai nos levando, mas o essencial permanece. A árvore ainda é montada, o lugar de honra na mesa ainda é colocado, a receita da ceia ainda é a mesma que ela me ensinou. E, de algum modo, ela ainda está lá. Nas lembranças, no perfume da comida, na forma como arrumo a mesa e convido todos para sentar. Mesmo em sua ausência física, ela continua presente em cada detalhe.
E, quando o Natal chega, a saudade é imensa. Mas, ao mesmo tempo, há uma paz que preenche o coração. Porque sei que ela me deu o maior presente de todos: me ensinou a ver o Natal de uma maneira verdadeira, a enxergar o que realmente importa. O Natal não é sobre o que compramos ou o que ganhamos, mas sobre o que damos de coração, de alma, com generosidade. E o mais importante de tudo: sobre a família, o amor e a bênção de estarmos juntos.
Cada ano, ao colocar o prato à mesa, ao acender as luzes da árvore, ao sussurrar uma oração silenciosa, eu sei que o Natal é um pedaço dela que nunca vai embora. Porque o verdadeiro significado do Natal é isso: o amor que permanece, que nos une e que nunca se perde, mesmo quando o tempo e a distância tentam nos afastar.
E assim, meu Natal é um pouco mais simples, talvez, mas é pleno. Porque sei que o amor que minha mãe me ensinou a dar, esse sim, é o que faz o Natal viver dentro de nós hoje e sempre.

