qua. dez 17th, 2025

Giffoni: o festival cinematográfico que cresceu com gerações e virou ícone cultural da Itália


Giffoni: o festival cinematográfico que cresceu com gerações e virou ícone cultural da Itália

Entre colinas do sul da Itália e salas de cinema cheias de vozes jovens, nasceu um dos fenômenos culturais mais singulares da Europa. Hoje, mais de meio século depois, o Festival de Cinema de Giffoni não é apenas um evento dedicado à sétima arte: é uma experiência coletiva que atravessa gerações, territórios e linguagens.

E os números confirmam essa força. Um estudo recente do Observatório Impresa Cultura Italia, realizado pela Confcommercio em parceria com a Swg, colocou Giffoni entre os festivais mais conhecidos e acompanhados pelos italianos.

Segundo a pesquisa, divulgada em setembro de 2025, Giffoni entra diretamente no ‘top 10’ do consumo cultural na Itália e alcança um resultado expressivo: mais de 61% dos entrevistados afirmam conhecer o festival. Um dado ainda mais relevante se considerarmos que o levantamento ouviu apenas adultos, de 18 a mais de 65 anos, deixando de fora justamente o público histórico de Giffoni, formado por adolescentes e jovens entre 13 e 18 anos. Mesmo assim, o festival aparece em terceiro lugar em notoriedade nacional, atrás apenas da Mostra do Cinema de Veneza e da Bienal de Veneza, superando dezenas de outros eventos culturais consagrados.

Fundado em 1970 por Claudio Gubitosi, em Giffoni Valle Piana, na região da Campânia, o festival nasceu com uma ideia revolucionária para a época: colocar crianças e jovens no centro do diálogo cultural, dando a eles não apenas o papel de espectadores, mas de jurados, críticos e protagonistas. Ao longo dos anos, essa intuição transformou Giffoni em um laboratório social e cultural, onde cinema, educação, cidadania e inclusão caminham juntos.

Não por acaso, quando os entrevistados foram convidados a indicar quais festivais melhor representam a identidade cultural italiana, Giffoni apareceu entre os seis primeiros. Um reconhecimento que vai além do entretenimento e toca a função social do evento. Em mais de cinco décadas de história, o festival recebeu cineastas, atores, escritores, músicos e intelectuais de todo o mundo, além de milhares de jovens vindos de diferentes países, criando uma comunidade global unida pelo cinema e pelo diálogo.

Hoje, Giffoni é muito mais do que a semana do festival. São mais de 500 atividades produzidas todos os anos na Itália e no exterior, entre eventos, projetos educativos, oficinas, encontros internacionais e iniciativas voltadas às novas gerações. Um trabalho contínuo que se renova a cada edição, sempre atento às transformações da sociedade contemporânea e às nuove forme di racconto.

Para o público brasileiro — especialmente para descendentes de italianos atentos à cultura do país de origem — Giffoni representa um exemplo poderoso de como tradição e inovação podem caminhar juntas. Um festival que nasceu pequeno, em uma cidade fora dos grandes centros, e que hoje dialoga com o mundo inteiro, sem perder sua identidade.

Mais do que um evento cinematográfico, Giffoni se consolidou como um símbolo da Itália que investe nos jovens, acredita na cultura como ferramenta de crescimento coletivo e transforma o cinema em espaço de encontro, escuta e futuro.

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