São Paulo se prepara para receber uma mostra imperdível que desvenda a profunda conexão entre a produção artística do italiano Gastone Novelli e o efervescente cenário cultural brasileiro dos anos 1950. A exposição “A ARTE DEVE VIVER AO SOL – GASTONE NOVELLI NO BRASIL“, fruto da parceria entre o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo (IICSP) e o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP), promete lançar nova luz sobre o período crucial em que o artista amadureceu sua vocação.
Com curadoria de Ana Magalhães e Marco Rinaldi, e apoio do Archivio Gastone Novelli, Roma, a mostra apresenta 29 trabalhos que percorrem a trajetória do artista que, aos 23 anos, deixou a Itália em 1948 para viver no Brasil até 1954. Novelli, que já possuía formação em ciências sociais e políticas em Florença, e em artes visuais em Roma, encontrou no Brasil um terreno fértil para suas experimentações e o desenvolvimento de uma linguagem artística singular.
A chegada de Gastone Novelli ao Brasil coincidiu com um momento de intensa ebulição cultural. O país assistia à abertura de dois marcos importantes na cena artística: o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), que em 1949 inaugurava com a exposição “Do figurativismo ao abstracionismo”, e o Museu de Arte de São Paulo (MASP), palco de mostras individuais de nomes como Alexander Calder e Max Bill.
Nesse ambiente vibrante, Novelli foi rapidamente acolhido por Pietro Maria Bardi, então diretor do MASP, que o convidou para lecionar composição e desenho no recém-criado Instituto de Arte Contemporânea (IAC) do museu. Foi nesse contexto que o artista desenvolveu pela primeira vez a pintura abstrata, ao mesmo tempo em que explorava a produção cerâmica e mural, demonstrando uma versatilidade notável.
O curador Marco Rinaldi ressalta a importância desse período para Novelli, definindo-o como “uma ocasião para o desenvolvimento teórico dos primeiros germes de uma reflexão sobre a linguagem da arte”. A exposição permite ao público traçar a evolução do artista, que partiu de um traço inicialmente expressionista para abraçar as diversas manifestações das vanguardas artísticas da época.
“A Arte Deve Viver ao Sol”: Um grito por democratização
O título da exposição, “A ARTE DEVE VIVER AO SOL – GASTONE NOVELLI NO BRASIL”, não foi escolhido ao acaso. Ele é uma citação direta do manifesto publicado em 1952 pela Oficina de Arte (ODA), assinado pelo próprio Novelli. Essa frase emblemática expressava o profundo compromisso do artista e de seus companheiros em unir a arte ao desenho industrial e à pintura mural, com o objetivo claro de democratizar a pesquisa artística.
Esse engajamento de Novelli com o ambiente artístico ia além de sua produção pessoal; ele era um ativo participante na Oficina de Arte, criava projetos expositivos e foi convidado a integrar as Bienais de São Paulo de 1951 e 1953, consolidando seu papel de destaque na cena brasileira.
Para Lillo Teodoro Guarneri, diretor do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo (IICSP), a exposição tem um duplo propósito: “além de ressaltar a contribuição fundamental de Novelli para o desenvolvimento de linguagens artísticas, a exposição visa valorizar o papel e a contribuição dos muitos artistas italianos que viveram no Brasil, deixando-se permear pelas múltiplas influências culturais deste país continental”.
A abertura da exposição contará com a presença de Ivan Novelli, responsável pela obra do artista no mundo. É uma oportunidade única de revisitar a história da arte moderna e entender a influência mútua entre culturas.
Serviço:
Exposição: A ARTE DEVE VIVER AO SOL – GASTONE NOVELLI NO BRASIL
Curadoria: Ana Magalhães e Marco Rinaldi
Período: De 2 de agosto a 12 de outubro de 2025
Local: MAC USP – Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301 – Ibirapuera
Horário de Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 21h
Entrada: Gratuita
Informações: 11 2648.0254