qui. nov 13th, 2025

Diário de Viagem – De Roma a Siena atravessando o Val d’Orcia: uma viagem atemporal a bordo dos icônicos vagões Gran Confort Trenitalia

ByMauro Fanfoni

13 de novembro de 2025 , , ,

Partir de Roma, para mim, sempre tem um sabor especial. É como deixar para trás um coração pulsante que nunca deixa de bater, para seguir em direção a lugares onde o tempo parece desacelerar. Naquela manhã, ao subir a bordo dos vagões Gran Confort, percebi de imediato que não seria apenas um deslocamento: a própria viagem se tornaria parte da narrativa.

Assim que entrei, a atmosfera dos vagões me envolveu: assentos amplos, acabamentos elegantes, um silêncio composto que parecia guardar histórias de viajantes de outros tempos. Sentei-me junto à janela, deixando que a luz atravessasse o vidro e acendesse os tons dourados do interior.

O trem deixou Roma com um passo lento e regular. A cidade eterna, com seus muros e telhados antigos, ficou para trás, enquanto a paisagem se abria, primeiro timidamente, depois com generosidade. Colinas suaves, campos cultivados e estradas que serpenteavam entre vilarejos de perfil medieval: o Lácio dava lugar à Toscana.

E então, quase de repente, ele apareceu: o Val d’Orcia. Não apenas um vale, mas um mosaico vivo de cores e harmonias. Os ciprestes alinhados como guardiões silenciosos, as colinas aveludadas que pareciam moldadas por um pintor, as casas de campo isoladas imersas na tranquilidade. Cada curva dos trilhos revelava uma nova vista, e eu não conseguia desviar os olhos da janela. Havia algo de hipnótico naquela sequência de paisagens, como se o mundo exterior respirasse em uníssono com o ritmo regular das rodas sobre os trilhos.

Os vagões Gran Confort amplificavam essa sensação. Havia espaço para se mover, para se esticar, para ouvir a viagem por dentro e por fora. Não havia pressa, não havia barulho invasivo: apenas o luxo discreto de poder observar, pensar, se deixar levar. Anotei algumas palavras no meu caderno, como faziam os viajantes de antigamente, aqueles que consideravam o trajeto mais importante que o destino.

Ao atravessar Montalcino, quase pude sentir o aroma do vinho que há séculos conta a história desta terra. Depois surgiu Pienza, com a sua perfeição renascentista que, do alto, domina o vale. Cada nome evocava imagens, histórias, sabores: lugares que o trem tocava de forma discreta, deixando no viajante a vontade de voltar, de parar, de explorar.

O sol começava a se inclinar quando Siena apareceu, majestosa e acolhida em si mesma, com suas torres recortando o céu. Ao descer do trem, senti uma estranha nostalgia: apesar de ter chegado, percebi que a viagem já tinha sido, por si só, um destino.

De Roma a Siena, passando pelo Val d’Orcia, vivi um itinerário que não se mede em quilômetros, mas em emoções. Os vagões Gran Confort transformaram esse percurso em uma experiência atemporal, uma pausa suspensa entre elegância e contemplação. Talvez este seja o verdadeiro luxo de viajar: não chegar mais rápido, mas chegar melhor, trazendo consigo as imagens, os silêncios e as sensações de um caminho que permanecerá na memória.

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