Roma Termini, 7h05 da manhã. A estação já está em movimento: malas de rodinha que deslizam apressadas, passageiros sonolentos e turistas armados de mapas e mochilas. Minha viagem rumo a Matera começa aqui, com um trem de Alta Velocidade direto para Bari Centrale, a porta de entrada natural da Basilicata.
O Frecciargento parte pontualmente, cruzando o Lácio e a Campânia a uma velocidade que transforma a paisagem em um mosaico de colinas e campos cultivados. A bordo, o clima é relaxado: o bar serve cappuccinos e croissants, enquanto os assentos confortáveis convidam a ler ou simplesmente a se deixar hipnotizar pela janela.
Depois de cerca de quatro horas, chego a Bari. A cidade adriática é apenas uma parada, mas o cheiro do mar que se sente assim que se desce do trem já anuncia uma mudança de atmosfera. Daqui parte a segunda etapa da viagem: um trem regional da Trenitalia em direção a Taranto, com parada em Ferrandina-Pomarico-Miglionico, a estação mais próxima de Matera. O ritmo diminui, as paradas se tornam mais frequentes, as paisagens se suavizam: oliveiras, fazendas e trechos de terra vermelha anunciam o Sul mais autêntico.
Em Ferrandina me espera o último trecho: um ônibus substitutivo, também da Trenitalia, que sobe a colina e em menos de uma hora chega ao destino. A estrada serpenteia suavemente, até que, no horizonte, surgem os célebres Sassi. O impacto é surpreendente: as casas de tufo, escavadas na rocha, parecem um presépio suspenso no tempo.
Passaram-se cerca de seis horas desde a partida de Roma, e ainda assim a sensação é de ter feito um salto épico. Da modernidade dos trilhos da Alta Velocidade à pedra milenar dos Sassi, Matera acolhe com sua luz dourada e silenciosa.
A viagem de trem não foi apenas um deslocamento: foi uma transição gradual, uma travessia de paisagens, histórias e atmosferas que tornaram a chegada ainda mais intensa. Porque muitas vezes o mais bonito não é apenas chegar, mas também a forma como se chega.
Parabéns! Matéria linda