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Brasil se firma como 2º maior importador extraeuropeu de azeite e impulsiona boom global

ByLuiz Antônio Cafiero

27 de outubro de 2025 ,
O Brasil consolidou sua posição como segundo maior mercado extraeuropeu para o azeite produzido na União Europeia – onde a Italia è destaque na exportação – com cerca de 42 mil toneladas importadas em 2025. Um resultado diretamente impulsionado pela decisão do governo brasileiro de zerar as tarifas de importação em março deste ano. A informação vem do mais recente relatório do Osservatorio sul mercato oleario internazionale, da empresa Certified Origins, que analisou o desempenho global do setor no terceiro trimestre de 2025.

O mercado estadounidense continua no topo, absorvendo cerca de 181 mil toneladas até a metade de 2025, o que representa um crescimento entre 14% e 15% em relação ao ano anterior. Em junho, as exportações europeias para os EUA bateram recorde, ultrapassando 66 mil toneladas em um único mês, mais que o dobro do volume em junho de 2024. Esse salto foi impulsionado por grandes redes varejistas americanas que anteciparam compras para evitar impactos de possíveis novos impostos de importação.

Logo depois dos EUA vem o Brasil, que em março de 2025 tomou uma decisão estratégica: removeu os impostos de importação sobre azeites europeus. Mesmo com uma queda temporária de cerca de 12% no volume anual devido às oscilações anteriores no mercado, a tendência é de retomada firme. Para os consumidores brasileiros, isso pode significar dois efeitos ao longo dos próximos meses: maior variedade e, possivelmente, estabilização ou leve redução de preços nos azeites premium.

Para descendentes de italianos no Brasil, o azeite não é apenas uma gordura boa. Ele carrega símbolos de família, tradição e memória afetiva. É o fio de luz dourado que brilha sobre um prato de spaghetti al sugo da nonna ou na fatia de pão italiano no café da tarde. Por isso, o aumento nas importações também revela uma reconexão cultural e gastronômica com as origens mediterrâneas, especialmente quando crescem as buscas por azeites de determinadas regiões como Toscana, Puglia, Ligúria ou Sicília.

Mas enquanto o consumo cresce, a produção enfrenta desafios. O relatório destaca que o clima extremo e a seca continuam afetando países mediterrâneos tradicionalmente fortes na colheita da oliva, como Itália, Espanha, Grécia e Portugal. Isso pressiona os preços e exige novas estratégias tanto de sustentabilidade quanto de distribuição.

Além de Brasil e EUA, o azeite europeu está conquistando novos horizontes. O Reino Unido mantém posição sólida, com mais de 23.600 toneladas importadas e um crescimento moderado de 1,8% no ano. Mercados emergentes mostram avanços expressivos: a Austrália aumentou as compras em mais de 60%, o Canadá em mais de 50% e a China surpreendeu com um salto superior a 85%.

Esses dados confirmam uma clara tendência: o azeite deixou de ser um produto de nicho mediterrâneo para tornar-se um símbolo global de estilo de vida saudável, culinária gourmet e bem-estar.
A abertura do mercado brasileiro com a redução de impostos pode significar um novo ciclo de aproximação entre produtores italianos e consumidores no Brasil, especialmente entre aqueles que buscam produtos com denominação de origem e perfil aromático específico.

Talvez os brasileiros estejam não só comprando mais azeite, mas também aprendendo a degustá-lo com a mesma atenção com que se analisa um bom vinho.
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