Com 152,5 milhões de hectares de terras cultiváveis, o Brasil se consolida como uma das maiores potências agrícolas do mundo moderno. Atrás apenas dos Estados Unidos e da China em volume de produção, o país se posiciona como pilar essencial da alimentação global, sendo o principal exportador de soja, café e açúcar, e protagonista de uma nova era marcada por tecnologia, sustentabilidade e abertura aos mercados europeus.
Um gigante que cresce com inteligência
A imensidão territorial do Brasil, somada à fertilidade de seus solos, permite até três colheitas por ano em algumas regiões. As projeções para 2035 são claras: a produção de grãos deverá crescer 27%, e as áreas cultivadas alcançarão 92,2 milhões de hectares.
O Mato Grosso, coração agrícola do país, lidera essa expansão com uma demanda crescente por silos, moinhos e sistemas de armazenamento. A eficiência logística torna-se, assim, um fator estratégico, abrindo amplo espaço de mercado para a mecânica agrícola e para as empresas italianas, reconhecidas mundialmente pela excelência em máquinas e tecnologias para o processamento de alimentos e cereais.
Do tradicional ao tecnológico: o café do futuro
Embora o Brasil continue sendo o maior produtor mundial de café, o setor passa por uma transformação profunda. O foco já não está apenas na quantidade, mas na qualidade e no valor agregado.
Surge uma agricultura de precisão, sustentada por tecnologias digitais, inteligência artificial e sensores IoT. Empresas locais buscam parceiros capazes de fornecer algoritmos preditivos, drones para monitoramento de lavouras e sistemas de análise de dados para reduzir desperdícios e otimizar o uso de água e insumos.
Esse mercado, em rápida expansão, oferece grandes oportunidades de cooperação com empresas italianas de alta tecnologia e startups especializadas em IA aplicada ao agronegócio.
Pecuária e sustentabilidade: o desafio verde do Brasil
Segundo maior produtor mundial de carne bovina, o Brasil está hoje no centro do debate sobre sustentabilidade ambiental e desmatamento. As novas normas europeias, como o Regulamento da UE sobre Desmatamento, estão acelerando a adoção de sistemas digitais de rastreabilidade e monitoramento via satélite de pastagens.
Paralelamente, o país se prepara para se tornar líder mundial no mercado de créditos de carbono, com estimativas que avaliam esse setor em US$ 72 bilhões até 2030. Empresas italianas ligadas ao meio ambiente e à certificação verde veem nesse cenário um novo campo fértil para investimentos sustentáveis.
O vinho brasileiro e as oportunidades para a Itália
Outro setor em expansão é o da vitivinicultura, com crescimento expressivo na produção de uvas e vinhos, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul e da Bahia. Essa evolução tem gerado uma demanda crescente por equipamentos enológicos e tecnologias de vinificação — área em que a Itália é referência mundial.
Essa perspectiva se fortalece com a assinatura definitiva do Acordo UE-Mercosul, concluído em dezembro de 2024 após mais de vinte anos de negociações. Assim que for ratificado pelos parlamentos dos dois blocos, o acordo eliminará tarifas que chegam a 55% sobre produtos agroalimentares europeus, tornando as exportações muito mais competitivas. O acordo representa um marco histórico nas relações entre a Europa e a América Latina.
De acordo com estimativas da Comissão Europeia, o Mercosul — que reúne Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai — aplica hoje tarifas de até 35% sobre o vinho e mais de 30% sobre o azeite de oliva. Com a eliminação gradual dessas tarifas, os produtos italianos ganharão competitividade em um mercado com mais de 260 milhões de consumidores.
Além disso, serão protegidas mais de 350 indicações geográficas europeias, incluindo 57 italianas, como o Parmigiano Reggiano, o Prosciutto di Parma, a Mozzarella di Bufala Campana e vinhos como Barolo e Chianti.
É uma conquista que protege a autenticidade do “made in Italy” e abre caminho para novas parcerias de alto valor no setor agroalimentar.
Tecnologia, sustentabilidade e sinergias: o agro brasileiro olha para a Itália
O novo agronegócio brasileiro é tecnológico, digital e sustentável.
Um ecossistema que combina produção em larga escala, inovação e abertura internacional. Nesse contexto, as empresas italianas — da mecânica ao agritech, da enologia à sustentabilidade ambiental — encontram um ambiente fértil para colaborações estratégicas.
A convergência entre a excelência tecnológica italiana e a escala produtiva brasileira se consolida como uma das fronteiras mais promissoras da cooperação econômica entre a Europa e a América do Sul.

