Antonio Marras, nascido em Alghero em 1961, é considerado um dos estilistas mais refinados e narrativos do cenário internacional. Autodidata, profundamente ligado à sua terra natal, a Sardenha, construiu uma moda feita de contaminações culturais, memória e artesanato, conseguindo entrelaçar roupas e histórias com uma linguagem única, que transita entre tradição e contemporaneidade.
Sua carreira começa a tomar forma nos anos 1980, mas é em 1999 que seu nome explode na cena internacional: ele é escolhido pela Kenzo para assinar as coleções femininas, cargo que ocupou até 2004. Paralelamente, seguiu desenvolvendo sua própria marca e explorando linguagens expressivas que ultrapassam a moda, dialogando também com a arte, o teatro e a literatura. Seus desfiles nunca são apenas passarelas, mas verdadeiras encenações, com elementos performáticos e forte carga emocional.
A partir de 2000, a marca Antonio Marras se consolida como uma maison reconhecida globalmente, com coleções apresentadas regularmente em Milão e Paris. O estilista sempre permaneceu fiel ao seu conceito de “miscigenação cultural”, que une tecidos antigos, bordados, alfaiataria de excelência e referências internacionais.
Nos últimos anos, a grife entrou em uma nova fase: desde 2022, a marca passou a ser controlada pelo Grupo Calzedonia, gigante italiano fundado por Sandro Veronesi, que adquiriu participação majoritária para relançar e fortalecer o nome nos mercados globais. O acordo permite que Marras mantenha a direção criativa, ao mesmo tempo em que garante solidez industrial e expansão no varejo.
Hoje, Antonio Marras é um raro exemplo de estilista capaz de unir raízes e inovação, artesanato e indústria, poesia e estratégia — mantendo viva sua identidade de contador de histórias por meio da moda, que fala primeiro ao coração antes mesmo de vestir o corpo.