qui. out 30th, 2025

“Anna”um filme homenagem  a grande atriz italiana apresentado no Festival do Cinema em Roma 

Neste 20ª edição do Festival de Cinema de Roma, foi apresentado em pré-estreia o filme Anna, dirigido e interpretado por Monica Guerritore, que encarna a lendária Anna Magnani. O tapete vermelho se abriu para o evento no Auditorium Parco della Musica, onde Guerritore apresentou a obra como “uma homenagem poderosa” àquela que ela define como “um vulcão de humanidade e uma gigante do nosso cinema”.

A narrativa do filme começa, como explicou a diretora-atriz, na noite de 21 de março de 1956, quando Magnani se tornou a primeira mulher não anglófona a vencer o Oscar de Melhor Atriz, graças ao papel em The Rose Tattoo. O longa não pretende apenas reconstruir fatos e datas, mas devolver ao público a força da presença de Magnani, sua linguagem física e a romanidade indomável que ela personificava.

Na exibição, estavam presentes figuras de destaque do cinema italiano, críticos, jornalistas e um público emocionado que aplaudiu longamente a cena em que Guerritore recria, com intensidade, o discurso de aceitação do Oscar de Magnani, transportando a plateia aos anos 1950. O filme mistura imagens de arquivo, sequências teatrais e momentos intimistas que dialogam com a vida privada e o mito público da atriz.

Durante o bate-papo com o público, Guerritore declarou “Ela não era apenas uma atriz: era uma mulher que carregava consigo bairros inteiros, cheiros, vozes, o barulho e o silêncio de Roma. Foi um privilégio colocar essa herança na película.”A direção explora o contraste entre preto-e-branco e cor, evocando a passagem do neorrealismo dos anos 1940 para o cinema internacional dos anos 1950. Os cenários e o figurino recriam com precisão a atmosfera de uma época, entre as sombras das ruínas da guerra e as luzes vibrantes dos estúdios de Hollywood que Magnani atravessou. Em síntese, Anna se apresenta como um filme-evento: uma homenagem sentida e madura, que busca reconduzir o público contemporâneo à dimensão de uma artista que encarnou, sem concessões, popularidade e qualidade, romanidade e verdade. No contexto do Festival de Roma, a noite transformou-se num ritual de memória, celebração e redescoberta. O film vai sair no Cinema a primeira semana de novembro. 

Mais um poco sobre Anna Magnani

Nascida em um contexto humilde, Magnani passou a infância sob os cuidados da avó materna, nos bairros populares de Roma. Ainda jovem, estudou na Accademia Nazionale d’Arte Drammatica, mas abandonou o curso para se testar nos palcos e depois no cinema. Sua carreira começou nos anos 1930 com papéis secundários, mas a grande virada veio no pós-guerra: com Roma, città aperta (1945), de Roberto Rossellini, ela se tornou o rosto emblemático do neorrealismo italiano. Em 1956, recebeu o Oscar de Melhor Atriz por The Rose Tattoo, tornando-se a primeira mulher italiana — e a primeira atriz não anglófona — a conquistar o prêmio. Seu estilo interpretativo — explosivo, veraz, profundamente humano — fez com que muitos a definissem como “a quintessência da Itália”. Magnani trabalhou com os maiores diretores de sua época, atravessando gêneros e linguagens, mas sempre levando consigo a autenticidade e a intensidade da mulher romana. Mãe de um único filho, manteve-se fiel à arte até o fim da vida, permanecendo uma presença marcante no panorama cinematográfico internacional. Sua morte, em 1973, em decorrência de um câncer no pâncreas, foi seguida por uma enorme comoção popular: a “Nannarella”, como era carinhosamente chamada, partiu deixando uma herança artística e humana que ainda hoje ecoa na história do cinema mundial.

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