O encerramento de 2025 soa mais como um começo do que como um balanço para a Stellantis no Brasil. No encontro anual em São Paulo, onde o grupo apresentou as diretrizes de 2026, a sensação é clara: o país deixa de ser apenas um mercado e passa a ser um centro de criação, de teste, de futuro concreto. O megaplano de 32 bilhões de reais é mais do que investimento, é declaração de intenções. O eixo da indústria automotiva começa a se mover para o sul, para essas fábricas onde a transição energética já virou prática cotidiana.
Em Goiana, no Pernambuco, o movimento é visível. Quatro novos modelos Bio-Hybrid ganharão vida dentro de um polo que já se tornou referência em inovação local. A tecnologia híbrida leve, criada e desenvolvida no Brasil, deixa claro que o país não está mais apenas recebendo tendências: está produzindo as suas. A chegada da Leapmotor ao mesmo complexo confirma essa vocação de hub tecnológico.
No Rio de Janeiro, Porto Real reage com força. O segundo turno previsto para 2026 acompanha o lançamento do novo Jeep Avenger e devolve ritmo ao Sul Fluminense. Há impacto direto na economia, na qualificação, na autoestima industrial de uma região que precisava voltar ao centro do jogo. Quando a linha de produção acelera, toda a comunidade volta a respirar na mesma cadência.
E então surge Betim, essa fábrica que mistura história, identidade e futuro. Ali onde Antonio Filosa construiu parte de sua trajetória, a Stellantis celebrará cinquenta anos e apresentará um novo hatch da Fiat, visto como a versão sul-americana do Grande Panda. Uma leitura tropical de um ícone europeu, construída sobre a plataforma Cmp e equipada com motores Firefly 1.0, aspirados ou turbo flex, com sistema mild hybrid 12V. É uma fusão de linguagens: engenharia europeia e alma brasileira em um mesmo desenho.
Para 2026, o grupo promete dezesseis lançamentos, seis deles híbridos produzidos no Brasil. Não é apenas um plano industrial, é uma nova tese de mercado: a eletrificação acessível tem endereço, tem escala e tem propósito. Herlander Zola reforçou esse ponto com simplicidade, como quem apenas confirma o que já está evidente: a Stellantis consolidou sua liderança na região. E a crescente adoção das tecnologias Bio-Hybrid 12V e 48V mostra que o consumidor já entendeu o caminho.
Resta a pergunta que fica suspensa no ar: até onde o Brasil pode ir nessa virada global da mobilidade? Porque tudo aponta para o mesmo horizonte. O futuro híbrido nasce aqui. E, desta vez, sem pedir licença

