qua. dez 17th, 2025

Esquiar na Itália: o custo real da experiência

PorFrancesco Sibilla

17 de dezembro de 2025 , ,

A cada inverno, cresce o número de brasileiros que escolhem a Europa e a Itália em particular para viver a experiência da neve. Cortina d’Ampezzo, Bormio, Livigno, Madonna di Campiglio não são apenas destinos turísticos: são símbolos de um imaginário alpino que atravessa o Atlântico. Mas quanto custa, de fato, esquiar na Itália hoje? E qual é o impacto real dos aumentos recentes para quem vem do Brasil?

Uma pesquisa da associação de consumidores Altroconsumo, que analisou 44 estações de esqui dos Alpes, dos Apeninos e também algumas fora da Itália, revela um cenário claro: os preços dos skipasses continuam subindo. O valor médio do ingresso diário cresceu 4%, acima dos 3,8% da temporada anterior, enquanto os passes de cinco dias aumentaram 4,4%. Quando esses números são convertidos para reais, o peso no orçamento se torna ainda mais evidente.

Os aumentos mais expressivos aparecem logo no Piemonte. Em Alagna Valsesia, o skipass diário passou de 54 para 61 euros, o que significa sair de cerca de R$ 297 para aproximadamente R$ 336, um aumento superior a 13%. Na Lombardia, em Livigno, estação localizada na fronteira com a Suíça, o preço diário subiu de 65 para 71 euros, chegando a cerca de R$ 391. Cortina d’Ampezzo, no Vêneto, que será palco das próximas Olimpíadas de Inverno, permanece entre as mais caras da Itália: o ticket diário alcança 80 euros, o equivalente a cerca de R$ 440, mesmo com um aumento percentual mais contido.

Segundo as simulações de Altroconsumo, uma família composta por três adultos gasta em média até 188 euros por dia apenas para acessar os teleféricos e as pistas, valor que corresponde a aproximadamente R$ 1.034. Nas localidades mais caras, esse custo pode chegar a 260 euros por dia, cerca de R$ 1.430, sem incluir hospedagem, alimentação ou aluguel de equipamentos. Fora da Itália, o caso mais extremo é Zermatt, na Suíça, onde o custo diário para uma família pode atingir 370 euros, ou aproximadamente R$ 2.035.

O ingresso diário continua sendo o tipo de bilhete mais comprado, típico de estadias curtas, e também o melhor indicador das variações de preço. Entre os 37 complexos italianos analisados, o valor mínimo é encontrado em Champorcher, no Vale d’Aosta, com 36 euros por dia, cerca de R$ 198. No extremo oposto está o Dolomiti Superski, na província autônoma de Bolzano, onde o skipass diário chega a 86 euros, aproximadamente R$ 473, acima dos 83 euros da temporada passada.

O Trentino-Alto Ádige confirma-se como uma das áreas mais caras para esquiar. Grande parte das estações da região pratica valores entre 77 e 80 euros por dia, o que equivale a algo entre R$ 424 e R$ 440. Em Madonna di Campiglio, por exemplo, o preço sobe de 79 para 85 euros, chegando a cerca de R$ 468, consolidando-se como uma das estações mais caras da Itália. No Vêneto, Cortina d’Ampezzo mantém-se alinhada à média nacional mais alta, com seus já mencionados 80 euros diários.

No Piemonte, algumas estações conseguem conter os preços. Limone Piemonte mantém o valor de 48 euros, cerca de R$ 264, enquanto Bardonecchia permanece em 49 euros, aproximadamente R$ 270. Já na Via Lattea, o preço sobe de 54 para 57 euros, alcançando cerca de R$ 314. Na Lombardia, o aumento em 4 Valli–Bormio é mais moderado, com variação de apenas 1,7%.

No Vale d’Aosta, após quatro anos de preços congelados, Champorcher registra um pequeno aumento, passando de 35 para 36 euros por dia, mas mantém o título de estação mais econômica do país. A poucos quilômetros dali, porém, encontra-se uma das mais caras: o bilhete para o domínio internacional Cervinia–Zermatt custa 87 euros quando comprado na Itália, cerca de R$ 479, e pode chegar a 125 euros na Suíça, o equivalente a R$ 688.

O Friuli-Venezia Giulia é a única região italiana que manteve os preços inalterados em relação à temporada passada. Em Piancavallo, Sella Nevea, Zoncolan e Tarvisio, o skipass diário segue fixado em 44 euros, cerca de R$ 242. Nos Apeninos, Campo Felice confirma o valor de 43 euros, aproximadamente R$ 237, enquanto Roccaraso mantém os 58 euros, cerca de R$ 319. Em Ovindoli, o preço sobe de 42 para 46 euros, alcançando R$ 253, um aumento de 10%. No complexo do Cimone, na região de Modena, o valor passa de 52 para 55 euros, chegando a cerca de R$ 303.

Para quem planeja a clássica “semana branca”, Altroconsumo analisou também os passes de cinco dias consecutivos. A economia média em relação à compra de ingressos diários é de apenas 12%, pouco mais de 40 euros por pessoa, o que equivale a cerca de R$ 220. Champorcher continua sendo a opção mais econômica, com um passe de cinco dias por 160 euros, cerca de R$ 880. As estações do Friuli-Venezia Giulia aparecem logo depois, com preços fixados em 182,50 euros, aproximadamente R$ 1.004, sem qualquer reajuste.

No extremo oposto, os passes mais caros concentram-se nas grandes áreas alpinas. Livigno se aproxima dos 315 euros para cinco dias, o equivalente a R$ 1.733. Dolomiti Superski chega a 380 euros, cerca de R$ 2.090, enquanto Madonna di Campiglio atinge 373 euros, aproximadamente R$ 2.052. O Superskirama Dolomiti Adamello-Brenta registra o valor mais alto da Itália, com 386 euros, cerca de R$ 2.123.

Para os brasileiros que sonham com a neve europeia, a Itália continua sendo uma das experiências mais fascinantes do inverno. Mas os números mostram que esquiar hoje exige planejamento, informação e escolhas conscientes. A paisagem permanece espetacular. O preço, definitivamente, mudou.

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