qui. dez 25th, 2025

Diário de Viagem: No coração da Itália em 90 minutos

O trem deixa Roma Termini com a graça silenciosa de quem conhece bem o caminho. As portas se fecham, a plataforma fica para trás e a Cidade Eterna se afasta como uma despedida lenta, quase solene. Pela janela, o amarelo quente dos prédios romanos se dissolve em campos abertos, em uma paisagem que parece respirar junto com você.

O Frecciarossa acelera sem sobressaltos, e a velocidade se transforma num ritmo que embala. A zona rural do Lácio se desenrola como um filme: oliveiras retorcidas, fios d’água brilhando ao sol, casarões solitários que guardam segredos antigos. Cada curva é uma pincelada de cor, cada túnel uma inspiração contida antes de voltar à luz.

Então, quase de repente, surgem as colinas toscanas: suaves, harmoniosas, uma sinfonia de verdes e ocres. É como se a paisagem diminuísse o passo para ser contemplada, como um palco que se abre para uma cena perfeita. Os campos cultivados desenham geometrias delicadas, as vinhas correm ordenadas até o horizonte e os pequenos vilarejos no alto das colinas parecem suspensos no tempo, equilibrados entre o céu e a pedra.

A viagem dura apenas uma hora e meia, mas tem a densidade de algo muito maior: a passagem de uma capital pulsante para uma obra-prima renascentista. Quando o trem chega a Santa Maria Novella, Florença te recebe com seu perfil de torres, cúpulas e telhados vermelhos. É uma entrada quase teatral, como se cada viajante fosse esperado havia séculos.

Você desce do trem com uma sensação rara: a de ter atravessado a Itália não só no espaço, mas no espírito. Roma e Florença não são apenas cidades ligadas pela alta velocidade — são dois capítulos da mesma história, uma viagem breve que deixa uma marca longa, como uma frase bela que continua a ecoar mesmo depois de fechar o livro.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *