seg. dez 8th, 2025

Sicília lidera hospedagem extrahotel, mas segue com desafio nas áreas internas

A Sicília se confirma como a potência do turismo extrahoteleiro no Mediterrâneo. Segundo o novo relatório do Observatório do Turismo das Ilhas (Otie), apresentado na Bte de Palermo, a ilha registrou em 2024 46.925 estruturas extrahoteleiras, o equivalente a 97% do total de acomodações disponíveis no território. São 298 mil leitos, que representam 70% da capacidade de hospedagem da região. O dado impressiona: o setor cresceu 28,7% em apenas um ano, sinal de uma expansão contínua e de um protagonismo cada vez maior dentro do turismo siciliano.

Apesar do avanço, um ponto fraco continua evidente. A permanência média dos visitantes é de apenas 3 dias, a mais baixa entre as ilhas mediterrâneas mais populares. A Córsega chega a quase 9 dias, Maiorca a 6 e Creta a 5. Segundo o presidente do Otie, Giovanni Ruggieri, essa rotatividade rápida “limita a geração de valor econômico” e exige políticas direcionadas para aumentar a duração dos estadias.

O relatório também destaca um desafio estratégico: embora a Sicília lidere em número de estruturas, o interior da ilha permanece à margem dos fluxos turísticos. Só 16% dos operadores afirmam trabalhar com pacotes voltados às áreas internas, o que evidencia um potencial enorme ainda pouco explorado. Em comparação, outras ilhas do Mediterrâneo já operam com pacotes de 4 a 7 dias e itinerários personalizados que incluem vilarejos e zonas rurais. Na Córsega, pacotes tailor-made que ultrapassam uma semana chegam a valores acima de 1.200 euros e atraem segmentos de alto padrão.

Para o Otie, a chave está na criação de redes de produto e de Dmcs (destination management companies) capazes de integrar experiências, ampliar a oferta itinerante e fortalecer a rentabilidade dos pequenos operadores. Hoje predominam na Sicília estadias curtas e experiências isoladas. Uma estratégia coletiva, segundo Ruggieri, permitiria transformar o vasto interior da ilha em um ativo turístico de grande valor, impulsionando os pequenos municípios e diversificando o turismo além das áreas costeiras.

O relatório deixa um recado claro: a Sicília já é líder em quantidade. Agora precisa se tornar líder também em qualidade, distribuição e duração da experiência turística.

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