ter. dez 16th, 2025

Pantelleria: o segredo mais bonito do Mediterrâneo

Falésias negras mergulhando em um mar azul-cobalto, o perfume de capparis e uvas zibibbo no ar, o sol quente e uma alma suspensa entre a Sicília e a Tunísia. Pantelleria não é apenas uma ilha é uma experiência sensorial. Selvagem, autêntica, misteriosa, conhecida como “a Pérola Negra do Mediterrâneo”, encanta à primeira vista com sua beleza primitiva e magnética.

Aqui não há praias de areia, mas sim rochas vulcânicas lapidadas pelo vento e pelo tempo. Cada enseada esconde um refúgio, cada gruta termal convida a relaxar enquanto o horizonte revela o contorno distante da África. O cenário é um mosaico de contrastes: pedras escuras, águas cristalinas, vinhedos de malvasia e zibibbo, figueiras-da-índia e muros de pedra que contam séculos de história.

Os árabes, que viveram aqui por mais de duzentos anos, deixaram marcas profundas: nos nomes dos povoados como Khamma ou Mueggen, nos terraços agrícolas e, principalmente, nos dammusi casas brancas com cúpulas arredondadas e grossas paredes de pedra-lava, hoje transformadas em charmosas hospedagens. Essa fusão de influências sicilianas, africanas e orientais é o que faz de Pantelleria um lugar tão único.

Não é à toa que artistas e celebridades se apaixonaram por ela. Giorgio Armani, Riccardo Muti, Fabrizio Ferri e a atriz francesa Carole Bouquet que aqui produz o famoso vinho Passito escolheram a ilha como refúgio de alma e silêncio.

O que ver e viver

O vilarejo de Pantelleria, capital da ilha, é o ponto de partida. Pequeno e tranquilo, reúne lojinhas, bares e restaurantes onde vale provar uma granita de amora, ravioli com ricota e hortelã e o peixe-dentão em crosta. Depois, é só seguir a estrada: cada curva revela uma nova paisagem.

A leste, o Lago di Venere de águas termais e lodo vulcânico é um spa natural ao ar livre. No sul, o vilarejo de Gadir abriga piscinas naturais com temperaturas diferentes, e Cala Levante impressiona com o seu arco rochoso em forma de elefante, o cartão-postal da ilha. No interior, povoados como Khamma e Sibà preservam a essência pantesca entre vinhedos, dammusi e o aroma do mosto. No topo da Montagna Grande, o ponto mais alto (836 m), a vista é arrebatadora em dias claros, dá até para ver a costa da Tunísia.

Sabores com alma

Pantelleria se saboreia devagar. Seus produtos têm o gosto intenso da terra vulcânica: alcaparras, orégano, tomates secos, lenticchie e, claro, o inconfundível Passito di Pantelleria, doce, dourado e aromático.

Prove o pesto pantesco cru e picante e o tradicional cuscuz de peixe, herança africana celebrada na Sagra del Couscous, entre junho e julho.

Quando ir

De junho a setembro, a ilha vibra sob o sol e o vento quente do siroco. Mas mesmo fora da alta temporada, Pantelleria tem charme: o silêncio, as termas naturais e os pores do sol dramáticos fazem dela um destino perfeito o ano todo.

Como chegar

Voos diários partem de Palermo e Trapani, e no verão há conexões diretas de Roma, Milão, Verona, Bolonha e Veneza. Quem prefere viajar de barco pode pegar ferry ou hidroavião de Trapani ou Mazara del Vallo o trajeto é curto e cheio de vistas incríveis

Dicas rápidas

Leve tênis confortáveis, roupas leves, um agasalho para o entardecer e uma esteira para deitar nas rochas (não há areia!). 

Entre mito e realidade

Dizem que Pantelleria é a lendária Ogígia, ilha onde a ninfa Calipso teria prendido Ulisses por sete anos. Lenda ou não, uma coisa é certa: quem chega aqui custa a ir embora.

Pantelleria é um lugar que se sente na pele e no coração. Um pedaço de terra que fala de fogo, mar e silêncio. Um segredo guardado no meio do Mediterrâneo e o tipo de destino que você nunca esquece.

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