dom. dez 14th, 2025

São Paulo saboreia a Itália: começa a 14ª Settimana della Cucina Regionale Italiana

No domingo (19), entre o perfume de azeite fresco e o tilintar de taças de prosecco, o Colégio Dante Alighieri se transformou, por algumas horas, em um pequeno pedaço da Itália. Foi ali, no tradicional colégio paulistano, que se deu o pontapé inicial da 14ª Settimana della Cucina Regionale Italiana, evento que há mais de uma década faz da capital paulista a maior vitrine da gastronomia italiana no Brasil.

A abertura oficial — um coquetel elegante promovido pelo Consulado-Geral da Itália em São Paulo, com a presença do cônsul Domenico Fornara e do presidente do colégio, José Luiz Farina — reuniu os chefs que comandarão as cozinhas de 20 restaurantes paulistanos nesta semana. Cada um com sua bagagem, sotaque e o sabor da sua região: do risoto de açafrão lombardo às massas frescas da Úmbria, dos peixes sicilianos aos queijos do Piemonte.

Mais do que uma maratona gastronômica, esta edição tem um sabor simbólico: ela celebra e reforça a candidatura da “Cucina Italiana” a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
A proposta — intitulada “La cucina italiana tra sostenibilità e diversità bioculturale” — defende que a verdadeira riqueza italiana está nos gestos, nos ingredientes locais e na herança transmitida de geração em geração.

O Cônsul Domenico Fornarafalou com JI sobre o evento e a candidatura da cozinha italiana, para ele A tradição na Itália são os sabores, a cultura, a culinária que é um conceito muito amplo e grande não é somente um ponto importante para o paladar, mas também para ficar com os amigos e família. Também temos uma grande propensão para a inovação nos processos produtivos agrícolas e industriais para permitir uma cozinha sempre mais saudável e sustentável, isso também é um dos motivos pelo qual a Itália está candidatando a cozinha italiana como bem imaterial protegido pela UNESCO que é um ponto muito importante para a gente, é o reconhecimento de uma cultura milenar que se desenvolve com uma sensibilidade particular à inovação, à saúde e ao meio ambiente”.

Durante a abertura, o pátio do colégio foi tomado por aromas, risos e vozes que misturavam português e italiano. Os chefs, recém-chegados da península, trocaram segredos com os anfitriões paulistanos — uma espécie de encontro entre mestres, tradição e inovação.

O idealizador do projeto, Gerardo Landulfo, da falou sobre o propósito que atravessa as edições: “O evento já está na sua 14ª edição, a gente sempre traz um chefe de cada região da Itália, os restaurantes e seus chefs aqui do Brasil recebem esses chefs e cada restaurante se transforma em uma embaixada da região”.

Além dos menus especiais servidos em 20 restaurantes de São Paulo, a programação da Settimana se expande para o universo acadêmico e cultural.
O chef Cláudio Rocchi, da Osteria Palmira, de Roma (Lazio) fluente em português e apaixonado pela ponte Brasil-Itália, ministrará cursos práticos de culinária para universitários — uma espécie de “masterclass da tradição italiana”.

Para ele “O objetivo principal é re-itanializar os pratos que foram “abrasileirados”, explicando detalhes que vão melhorar muito o resultado final do prato”.

Os alunos aprenderão mais do que receitas: descobrirão o porquê de cada movimento, o valor da estação, a poesia escondida no ato de amassar uma massa ou regar um prato com azeite novo.

Entre os chefs convidados está Antonio Maiolica, que comandará junto com o chef Tibério Sgalippa o cardápio no Temperani Trattoria. Para ele, trazer o sabor da Itália a São Paulo é também um exercício de afeto: “A cozinha regional italiana é viva e os chefs mais jovens como eu tem mantida viva essa tradição e voltando cada vez mais as nossas origens, buscando pratos mais antigos. Sou do Sul da Itália, morei no Norte por muitos anos e esse ano farei a região de Marche e pedi ao chef para trazer alguns pratos que gosto como o salame di cioccolato e Olive e cremini fritti all’ascolana”.

Durante os próximos dias, os paulistanos poderão fazer uma verdadeira viagem sem sair da cidade — um passaporte culinário carimbado a cada reserva.
Nos cardápios, menus de três ou quatro tempos homenageiam o melhor da cozinha regional italiana. Cada restaurante participante se torna uma embaixada de uma região, servindo pratos autênticos com ingredientes e técnicas típicas.

E, entre uma garfada e outra, o público vai entender por que a Itália quer transformar sua cozinha em patrimônio da humanidade: porque ali, entre o pão e o vinho, habita uma filosofia de vida.

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