qui. out 30th, 2025

Estrangeiros geram 9% do PIB italiano e compensam queda demográfica, aponta relatório 2025

Os estrangeiros residentes na Itália representam 6,7% da população, mas já contribuem com 9% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em um país marcado pelo forte declínio demográfico e pelo envelhecimento da sua população, o papel dos imigrantes se torna cada vez mais estratégico para sustentar o sistema econômico e previdenciário. 



Os dados fazem parte do Relatório Anual 2025 sobre a Economia da Imigração, elaborado pela Fundação Leone Moressa e apresentado no Conselho Nacional de Economia e Trabalho (Cnel) e na Câmara dos Deputados.

“Novos italianos” e inverno demográfico

Em 2024, os estrangeiros residentes na Itália somam 5,3 milhões de pessoas, o que corresponde a 8,9% da população total. Esse número sobe para 6,7 milhões, o equivalente a 11,3%, quando considerados os nascidos no exterior. Essa diferença se explica principalmente pelas aquisições de cidadania italiana, que superam 200 mil por ano.

A população com histórico migratório continua exercendo um papel positivo na demografia italiana. A taxa de natalidade entre os estrangeiros é de 9,9 nascimentos por mil habitantes, enquanto entre os italianos é de 6,1. Já a taxa de mortalidade é de 2,1 por mil entre os estrangeiros, em comparação com 12,3 por mil entre os italianos. Em 2023, a população italiana diminuiu em 385 mil pessoas, enquanto a população estrangeira aumentou em 375 mil. Outro dado relevante é a estrutura etária: apenas 6% dos estrangeiros têm mais de 64 anos, ao passo que entre os italianos essa faixa etária representa 26%.

Ocupação e necessidade de mão de obra

O número de trabalhadores estrangeiros empregados na Itália é de 2,51 milhões, o que representa 10,5% do total de ocupados, chegando a 3,65 milhões, ou 15,2%, quando considerado o país de nascimento. Esses trabalhadores produzem 177 bilhões de euros em Valor Adicionado, contribuindo com 9% do PIB nacional, com destaque para setores como Agricultura, onde a participação chega a 18%, e Construção Civil, que registra um percentual de 16,4%.

Com o atual cenário demográfico, cresce a necessidade de mão de obra externa. Segundo previsões da Unioncamere – Excelsior, entre 2024 e 2028, as empresas italianas precisarão de 3 milhões de novos ocupados, excluindo o setor público, dos quais 640 mil serão imigrantes, correspondendo a 21,3%. Desse total, 80% da demanda estará ligada à reposição de vagas decorrentes de aposentadorias, enquanto apenas 20% será impulsionada pelo crescimento econômico. As regiões do Centro-Norte apresentarão uma incidência mais elevada de trabalhadores estrangeiros na nova demanda, superando 25% e atingindo 31% na Toscana e no Trentino-Alto Ádige.

Empreendedores imigrantes continuam crescendo

O número de empreendedores estrangeiros segue em ascensão e alcança 787 mil em 2024, o equivalente a 10,6% do total. No período de dez anos compreendido entre 2014 e 2024, os empreendedores italianos diminuíram em 5,7%, enquanto os estrangeiros aumentaram 24,4%. A maior incidência ocorre no Centro-Norte e nos setores de Construção Civil, Comércio e Restauração.

Além do impacto na economia italiana, os migrantes também desempenham um papel relevante no desenvolvimento de seus países de origem. Em 2024, enviaram 8,3 bilhões de euros em remessas, valor que corresponde a aproximadamente 130 euros por pessoa ao mês.

Baixo impacto sobre os gastos públicos

Os contribuintes estrangeiros na Itália são 4,9 milhões, o que representa 11,5% do total. Em 2024, declararam rendimentos no valor de 80,4 bilhões de euros e pagaram 11,6 bilhões de euros em Irpef (imposto de renda). Apesar de um rendimento médio anual cerca de 9 mil euros inferior ao dos italianos, consequência direta da inserção em setores menos remunerados, o saldo fiscal dos imigrantes permanece positivo.

Eles representam apenas 3% dos gastos públicos, já que a maioria está em idade ativa. O saldo entre arrecadação (impostos e contribuições) e custo em serviços sociais é positivo em 1,2 bilhão de euros. A baixa incidência nas principais áreas de alto custo público, como saúde e pensões, reforça seu papel fiscalmente sustentável.

A Fundação Leone Moressa foi criada por iniciativa da Associação de Artesãos e Pequenas Empresas de Mestre Cgia e, desde 2011, publica o “Relatório Anual sobre a Economia da Imigração”, editado pela Il Mulino. A edição 2025 conta com o apoio da Cgia Mestre e com o patrocínio da Confartigianato Imprese e da Organização Internacional para as Migrações (Oim), além do patrocínio gratuito do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional da Itália e da Organização Internacional do Trabalho (Oit).

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