Cada encontro oficial entre um Papa e um chefe de Estado termina com um gesto simbólico: a troca de presentes. Alguns acabam nos museus, outros nos arquivos, e outros permanecem como objetos de uso cotidiano. Mas, ao longo da história, não faltaram presentes surpreendentes e inusitados.
Há os ligados aos animais: na Idade Média, soberanos e embaixadores levaram ao Vaticano cavalos raros, falcões de caça e até leões, mantidos nos jardins papais como sinal de poder. Mais recentemente, nos anos 1960, um presidente africano presenteou Paulo VI com um crocodilo empalhado, hoje guardado em um depósito.
Não faltam também os presentes tecnológicos. João Paulo II recebeu de Ronald Reagan uma sela de caubói, enquanto Bento XVI ganhou um iPod gravado com o brasão papal, oferta de uma delegação americana. Francisco, por sua vez, recebeu bicicletas elétricas e até uma camisa de futebol autografada.
Depois, há os presentes artísticos e culturais que revelam a sensibilidade dos países doadores: tecidos tradicionais africanos, instrumentos musicais asiáticos, esculturas em madeira sul-americana. Nem sempre, porém, esses objetos são expostos: muitos permanecem em coleções internas, acessíveis apenas a funcionários.
Essas trocas curiosas não são simples formalidades diplomáticas. Representam uma linguagem simbólica, uma forma de os governos apresentarem sua identidade e sua cultura ao Papa. E, entre relíquias de arte e objetos improváveis, contam uma história paralela da diplomacia vaticana: a que passa pelos presentes.

