No coração das Termas de Diocleciano, um dos monumentos mais grandiosos da Roma imperial, surge um projeto que combina preservação, memória e valorização: o Museu da Arte Salva. Sua sede, a Aula Ortogonal, espaço austero e monumental, foi transformada em um palco simbólico para narrar histórias de recuperação e restituição de obras de arte saqueadas ou inseridas no mercado ilícito.
Promovida pelo Ministério da Cultura e pelo Comando dos Carabinieri de Tutela do Patrimônio Cultural, a iniciativa tem uma vocação clara: revelar ao público os resultados de operações internacionais de combate ao tráfico clandestino de achados arqueológicos, pinturas e artefatos, antes que retornem aos seus países de origem.
Dentro da Aula, o visitante percorre um trajeto que alterna peças antigas e suportes multimídia, destinado não apenas a mostrar o valor estético e histórico das obras, mas também a explicar as complexas dinâmicas que levam ao seu reencontro. Estátuas, mosaicos, cerâmicas e objetos retirados de circuitos ilegais encontram aqui uma moldura de extraordinária sugestão, devolvendo dignidade e voz a um patrimônio que corria risco de desaparecer.
“A escolha da Aula Ortogonal não é casual – explicam os curadores –. O rigor arquitetônico do espaço remete ao próprio conceito de ordem e legalidade, valores fundamentais da salvaguarda cultural.”
O Museu da Arte Salva apresenta-se, assim, não apenas como uma exposição de obras recuperadas, mas como um verdadeiro laboratório de educação cívica e cultural. Um lugar onde o passado, resgatado do esquecimento, volta a viver e a ensinar o valor universal da memória compartilhada.