O presidente da Itália, Sergio Mattarella, abriu as portas do Palácio do Quirinal nesta terça-feira (17) para receber os 63 membros do Conselho Geral dos Italianos no Exterior (CGIE). O encontro, que marca o início da Assembleia Plenária de 2025, foi o palco para a valorização da diáspora italiana, mas também para um recado claro sobre a polêmica reforma da cidadania por descendência.
A principal notícia do dia veio diretamente do discurso presidencial. Mattarella fez um apelo para que o CGIE, que reúne representantes de comunidades italianas de todo o mundo, dedique atenção especial ao debate sobre a nova lei que limita a transmissão da cidadania por direito de sangue a apenas duas gerações. A norma, que tem gerado grande preocupação e críticas entre os italianos no exterior, foi abordada pelo presidente com a esperança de que a discussão no conselho possa levar a uma “reflexão meditada e, eventualmente, alguma reconsideração dos pontos levantados”.
A postura de Mattarella foi rapidamente elogiada por figuras políticas como Filiberto Zaratti (Aliança Verdes e Esquerda – AVS), que classificou a nova norma como “perversa” e agradeceu ao presidente por apontar a necessidade de alteração, e Toni Ricciardi (Partido Democrático – PD), que ressaltou que Mattarella “acolheu as justas e profundas preocupações do CGIE”; contudo, apesar desse tom conciliador, alguns representantes do CGIE pediram cautela, afirmando que a declaração busca “dar um tom de democracia e mais simbólica do que prática”.
Mas antes de tocar no tema da cidadania, Mattarella dedicou um tempo para expressar seu profundo reconhecimento pelo trabalho do CGIE, elogiando o compromisso diário dos conselheiros em “sustentar e expressar o vínculo entre a Itália e os milhões de compatriotas que vivem fora das fronteiras do nosso país”. Ele enfatizou que esses italianos são uma “população ampla, parte integrante do tecido nacional”.
O presidente também mergulhou na história da emigração italiana, definindo-a como “parte essencial da identidade nacional”. Mattarella relembrou as “grandes migrações após a unificação da Itália” e as “numerosas partidas no pós-guerra”, destacando como gerações de italianos “encontraram destinos melhores fora do país, apoiando de maneira determinante sua recuperação e desenvolvimento”.
Um ponto de destaque no discurso de Mattarella foi o protagonismo das mulheres na emigração. Segundo ele, “desde as primeiras levas migratórias, nossas compatriotas foram autênticas guardiãs do idioma, da cultura e das tradições”, formando a “estrutura de apoio das nossas coletividades no exterior”.
O presidente também trouxe à tona o fenômeno da “nova mobilidade”, mencionando que cerca de meio milhão de jovens graduados deixaram a Itália nos últimos 15 anos em busca de oportunidades. Apesar do desafio, Mattarella vê essa experiência no exterior como um potencial “prelúdio para um retorno”, que pode impulsionar a Itália a se tornar “mais atrativa”.
A Assembleia Plenária do CGIE segue em andamento e reúne representantes das comunidades italianas de todo o mundo. No centro das discussões estão o funcionamento dos serviços consulares, a relação com os comitês locais, políticas públicas para os italianos no exterior e, claro, o debate sobre a controversa reforma da cidadania.
