Há caminhos que não pertencem apenas à geografia, mas à memória da humanidade. Um deles é a Via Appia, conhecida desde a Antiguidade como Regina Viarum, a “rainha das estradas”. Traçada há mais de dois milênios para ligar Roma ao sul da Itália, essa rota foi palco de marchas imperiais, comércio e encontros culturais que moldaram a história do Mediterrâneo.
Hoje, a Campânia, região famosa por Nápoles, pelo Vesúvio e pela Costa Amalfitana, aposta em devolver protagonismo a esse caminho ancestral. Um novo projeto de valorização pretende transformar o antigo traçado romano, que cruza as províncias de Avellino, Benevento e Caserta, em itinerário turístico e cultural de primeira linha.
A ideia é simples e ao mesmo tempo grandiosa: restaurar e sinalizar trechos da estrada, criar percursos integrados, investir em tecnologia para guiar os visitantes com mapas digitais e dar voz às comunidades locais. Caminhar pela Via Appia não será apenas uma viagem pelo território, mas também uma imersão em narrativas históricas, tradições vivas e paisagens rurais ainda pouco exploradas.
Esse movimento dialoga com o chamado turismo lento, cada vez mais procurado por quem quer se desconectar da pressa cotidiana e reencontrar um ritmo humano de viagem. Ao percorrer a Via Appia, o visitante não é apenas um turista, mas um viajante que revive os passos de legionários, mercadores e poetas da Roma antiga.
Com quase 3 milhões de euros já destinados ao projeto, a Campânia busca criar uma experiência sustentável, capaz de gerar oportunidades econômicas e ao mesmo tempo proteger a identidade cultural dos territórios.
Para o público brasileiro, sempre curioso diante da herança romana, a Via Appia se torna um convite irresistível: percorrer uma estrada que é, ao mesmo tempo, ruína e futuro, história e presente vivo. Uma viagem que vai além do turismo, transformando-se em encontro íntimo com o tempo.
