Vernole e Progresso renovam gemellaggio e laços: Itália e Brasil unidos pelas raízes

A história entre Itália e Brasil é feita de viagens, saudades e reencontros. Milhões de famílias brasileiras carregam sobrenomes, receitas, dialetos e memórias que atravessaram o oceano entre o fim do século XIX e la metà del XX secolo. Hoje, essa herança continua viva também nos gestos públicos, como o renovado gemellaggio entre Vernole, no Salento, e a cidade gaúcha de Progresso, símbolo de uma ponte cultural que não para de se fortalecer.

A cerimônia oficial – conta o Jornal Portalecce – ocorreu em Progresso, onde a assessora italiana Claudia Corvino representou Vernole ao lado do prefeito Paulo Schmitt, do conselheiro Marildo Gottardi e do cônsul-geral da Itália em Porto Alegre, Valerio Caruso. Um encontro carregado de emoção, marcado sobretudo pelo entusiasmo dos jovens ítalo-descendentes que mantêm viva a memória das próprias origens.

Corvino recordou com carinho o primeiro intercâmbio realizado em 1999, quando um grupo de adolescentes brasileiros pisou pela primeira vez na Puglia. “Aquela experiência deixou um sinal profundo”, afirmou. “Hoje renovamos esse compromisso para que os jovens de Progresso possam reencontrar suas raízes, e para que os jovens de Vernole descubram novas culturas e ampliem seus horizontes”.

O diálogo entre municípios brasileiros e italianos, aliás, está crescendo. Segundo dados do Comitato delle Regioni Italiane, são mais de 120 os gemellaggi ativos entre Itália e Brasil, envolvendo pequenas cidades, capitais regionais e comunidades rurais fundadas por imigrantes. Municípios da Vêneto, Lombardia e Trentino – regiões que mais enviaram emigrantes ao Brasil – mantêm laços estreitos com cidades gaúchas, catarinenses e paranaenses, onde a presença italiana permanece fortíssima.

Esses acordos não são simples cerimônias protocolares. Trazem intercâmbio escolar, projetos culturais, promoção turística e até colaborações econômicas ligadas à agricultura, ao vinho e ao patrimônio imaterial. Uma forma moderna de manter viva a história da imigração italiana no Brasil, que tornou o país casa de cerca de 30 milhões de ítalo-descendentes, a maior comunidade italiana fora da Itália.

Dentro dessa tradição de encontros, Vernole receberá em janeiro um novo grupo de jovens de Progresso, acompanhados pela professora Leida Battisti, para mais uma etapa desse diálogo entre gerações, memórias e territórios. Um gesto simples e poderoso: manter vivo um legado que continua a unir dois povos separados pelo oceano, mas ligados pelo coração.