seg. set 8th, 2025

Vêneto, empresas miram o Brasil e a América Latina: exportações crescem além dos EUA.

ByFrancesco Sibilla

8 de setembro de 2025 , ,

Diversificar os mercados para reduzir os riscos ligados a uma possível contração das exportações para os Estados Unidos, consequência do retorno das barreiras alfandegárias impostas pela administração de Donald Trump. Esse é o caminho que o sistema produtivo europeu e, em especial, o vêneto, está seguindo com cada vez mais convicção.

O sinal da União Europeia

A Comissão Europeia aprovou, há poucos dias, as propostas para a assinatura e conclusão do acordo de parceria com o Mercosul, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, além da atualização do acordo global com o México. Uma decisão que abre novas perspectivas e que as empresas do Vêneto acompanham com grande atenção.

De 18 a 21 de outubro, o Castelo de Castelbrando, em Cison di Valmarino (Treviso), receberá delegações de países e regiões da América Central e do Sul para uma série de encontros com empresários italianos. A iniciativa, promovida pela Assocamerestero e liderada pelo trevisano Mario Pozza, tem como objetivo apresentar as oportunidades concretas que esses mercados podem oferecer.

Os números da exportação

Segundo dados da Unioncamere, com base em estatísticas do Istat, em 2024 as exportações do Vêneto para os países do Mercosul chegaram a 750 milhões de euros, cerca de um décimo dos 7,27 bilhões destinados aos Estados Unidos. Ao somar também o México, com 1,02 bilhão, o quadro torna-se mais consistente e confirma o potencial de escala desses mercados.

A tendência é de crescimento: no primeiro trimestre de 2025, as vendas do Vêneto para o Mercosul subiram 1,3% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto para o México registraram alta de 17,8%. Já nos EUA, as exportações ficaram praticamente estagnadas (+0,2%). Em um ano, comparado a 2023, as vendas cresceram 2,2% para o Mercosul e 8,2% para o México, enquanto caíram 3,8% para os Estados Unidos.

Os setores mais fortes

O coração da exportação vêneta para a América Latina continua sendo a manufatura, que faturou 743 milhões de euros nos quatro países do Mercosul (+2,1% em um ano). Em seguida, de forma muito menor, vêm os produtos agrícolas (3,5 milhões exportados, contra 367 milhões importados da região).

A comparação com os EUA, no entanto, ainda é desproporcional: somente alimentos e bebidas renderam 925 milhões de euros no mercado americano contra apenas 23 milhões no Mercosul e 19 no México. O mesmo vale para moda e acessórios: 548 milhões nos EUA, contra 36 milhões na América do Sul e 60 milhões no México.

Oportunidades e limites

Para Mario Pozza, presidente da Assocamerestero, a América Central e do Sul representam «uma grande oportunidade a ser aproveitada, não apenas pelos laços históricos e culturais com as comunidades de origem italiana, mas também pela forte presença de máquinas industriais italianas, muitas vezes preferidas às asiáticas, mesmo sendo antigas».

O verdadeiro ponto fraco, porém, continua sendo a ausência de uma rede bancária local, o que limita a competitividade das empresas italianas.

De 2019 a 2025, as exportações do Vêneto para o Mercosul cresceram 20,7%, chegando a 1,3 bilhão ao se considerar toda a região latino-americana. «Um mercado estratégico», reforça a Confindustria Veneto Est, embora ressalte que a capacidade de consumo dos americanos ainda não tem paralelo.

Olhando para o futuro

«Hoje não existe nenhum mercado capaz de substituir os Estados Unidos», lembra Silvia Moretto, conselheira delegada para Assuntos Internacionais da Cve. «Mas as políticas protecionistas podem reduzir esse papel. Por isso precisamos diversificar, acelerando os acordos de livre comércio da União Europeia e cortando a burocracia. Esse é o primeiro passo para construir novas rotas comerciais».

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