Roma nunca para de surpreender. Quem passeia pela cidade já se acostumou a ver obras e escavações que parecem abrir portais para outras épocas. Mas o que aconteceu recentemente em Piazza Venezia, coração pulsante da capital italiana, é daqueles achados que misturam história, mistério e um toque de magia.
Durante as obras da Linha C do metrô de Roma, arqueólogos encontraram um pequeno vaso de terracota escondido nas fundações do Palazzetto Venezia, datado do século XV. Dentro dele, três medalhas de bronze de 1465 traziam a imagem do papa Paolo II, figura central do Renascimento romano.
Segundo os especialistas, as medalhas foram colocadas ali como parte de um rito de bom augúrio. No Renascimento, e até em épocas anteriores, era comum esconder moedas, medalhas ou pequenos objetos simbólicos nos alicerces de edifícios importantes. Acreditava-se que isso protegia a construção e trazia prosperidade. Esses objetos nos permitem enxergar não apenas a grandiosidade da Roma papal, mas também gestos cotidianos de fé e superstição ligados à vida urbana do século XV.
Curiosamente, essa prática já tinha sido registrada no início do século XX, quando o arqueólogo Rodolfo Lanciani encontrou objetos semelhantes ao reconfigurar as fundações da mesma área, durante a construção da monumental Piazza Venezia e do Vittoriano. Ou seja, Palazzetto Venezia carrega em suas paredes camadas de histórias e rituais que atravessaram os séculos.
O achado é mais uma prova da impressionante “estratificação histórica” da cidade. Roma é um lugar onde a modernidade e a antiguidade literalmente convivem no mesmo espaço: um metrô que avança sob as ruas movimentadas pode, de repente, revelar segredos escondidos há mais de 500 anos.
Roma, mais uma vez, prova que não é apenas um museu a céu aberto, mas também um museu subterrâneo vivo, em que cada escavação pode mudar o que sabemos sobre o passado e nos lembrar da força dos rituais, da fé e da beleza da história escondida sob nossos pés.
Para quem visita a cidade, Piazza Venezia já é um ponto obrigatório: entre o imponente Altare della Patria, o início da Via del Corso e a poucos passos do Foro Romano. Agora, com essa nova descoberta, o local ganha ainda mais charme. Afinal, não é todo dia que um simples canteiro de obras se transforma em cápsula do tempo.
