Um anel gigantesco, provocatoriamente brilhante, surgiu no Pincio como uma joia caída do céu. Trata-se de “Solitário”, a instalação monumental de Joana Vasconcelos, uma das artistas europeias mais reconhecidas pela capacidade de transformar objetos do quotidiano em ícones pop de grande escala, carregados de ironia e significado.
A obra, que assume a forma de um enorme anel solitário com diamante, reinterpreta a linguagem do luxo numa chave urbana e crítica, inserindo-se num dos cenários mais emblemáticos de Roma. É composta por jantes de automóveis e vidros iluminados por LED, materiais industriais que, nas mãos da artista, se convertem numa metáfora cintilante dos desejos, obsessões e fragilidades da sociedade contemporânea.
No Pincio, “Solitário” ganha ainda um valor poético: emoldura a vista sobre a Piazza del Popolo como uma joia monumental oferecida à cidade. Durante o dia reflete o sol e a vegetação envolvente; à noite acende-se como um farol luminoso, criando um contraste magnético entre a tranquilidade do parque e a vitalidade da paisagem urbana.
Segundo os organizadores, a instalação convida a uma reflexão sobre o valor, a posse e o papel do objeto como símbolo de status — temas centrais na pesquisa de Vasconcelos. A obra não celebra o luxo: encena-o, amplia-o e desmonta-o, transformando-o num paradoxo visual.
A presença de “Solitário” no Pincio inaugura um novo capítulo no diálogo entre arte contemporânea e espaço público em Roma. Passeantes, turistas e fotógrafos já elegeram o anel monumental como o novo ponto icónico da esplanada, que há séculos celebra a vista sobre a Cidade Eterna.
A instalação ficará visível durante toda a temporada, acompanhada por um programa de encontros dedicados ao trabalho da artista portuguesa e ao papel da arte no espaço urbano.

