seg. dez 29th, 2025

Sete novos vilarejos italianos para redescobrir: a beleza como escolha

Há lugares que não fazem esforço para seduzir. Não levantam a voz, não disputam atenção, não se moldam ao gosto do momento. Estão ali, firmes, quase indiferentes ao mundo que passa depressa demais. Só se revelam a quem aceita parar, observar, escutar.

Por isso, fazer parte do circuito I Borghi più belli d’Italia não é um rótulo nem uma concessão. É uma conquista exigente, avaliada com precisão quase cirúrgica. São 72 critérios que medem muito mais do que estética: falam de memória histórica, equilíbrio com a paisagem, respeito ambiental e vitalidade social. Porque, nesses vilarejos, a beleza não é espetáculo. É identidade.

Em 2025, sete novos “tesouros” passaram por essa seleção. Cinco pequenos centros oficialmente admitidos e dois convidados especiais Biella e Termoli que, por seu tamanho, permanecerão no circuito por dois anos. Com eles, o número total de vilarejos certificados chega a 382. Um patrimônio vasto, mas delicado.

Às margens do lago de Garda, Limone sul Garda parece desafiar a geografia. Limonares históricos, oliveiras e um microclima surpreendente criam um cenário quase mediterrâneo no coração do norte da Itália. Aqui, a beleza não é espetáculo: é harmonia entre água, pedra e tempo.

No interior da Ligúria, Pieve di Teco revela uma Itália mais silenciosa e resistente. Os pórticos medievais protegem histórias, encontros, ofícios. As pequenas lojas artesanais não sobrevivem por acaso, mas por escolha. Em meio aos vales do interior, o vilarejo prova que identidade também é uma forma de futuro.

Na Emília-Romanha, Castelvetro di Modena domina as colinas com elegância antiga. Torres medievais, vinhedos, Lambrusco Grasparossa e o tradicional aceto balsâmico formam um conjunto inseparável. Aqui, cultura e gastronomia caminham juntas, sustentadas por um modelo de turismo atento e respeitoso.

No sul, Cusano Mutri, imerso no Parque Regional do Matese, parece nascer da própria natureza. Pedra, floresta e tradição convivem sem excessos. O centro histórico preservado e festas populares como a Sagra dos Cogumelos contam a história de uma comunidade que escolheu permanecer e cuidar.

Seguindo pelo mapa, Rivello, na Basilicata, se espalha por três colinas com vista para o Vale do Noce. Telhados vermelhos, igrejas, influências bizantinas, lombardas e barrocas convivem em equilíbrio. É um vilarejo que se revela aos poucos, recompensando quem aceita desacelerar.

Entre os convidados, Piazzo, bairro histórico de Biella, surge como um vilarejo suspenso sobre a cidade. Medieval, artesanal, elegante. Um lugar que guarda a alma mais íntima do território e lembra que a beleza nem sempre respeita limites administrativos.

E há Termoli, voltada para o Adriático, com seu centro medieval cercado por muralhas e pelo mar. Uma cidade viva, marinheira, que conserva um núcleo antigo onde o tempo ainda parece seguir o ritmo das ondas.

Sete lugares, sete histórias, uma mesma pergunta: estamos prontos para apenas visitar esses vilarejos ou para realmente compreendê-los e protegê-los?

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