O céu de São Paulo se tingiu de vermelhos e laranjas na noite de segunda-feira (18), no Bar Seen, rooftop icônico da cidade, que serviu de palco para a primeira edição do Campari Bartender Competition 2025, evento que elegeu o melhor Negroni da América Latina. Entre brindes, olhares atentos e aromas intensos de ervas, especiarias e destilados, seis bartenders de diferentes países apresentaram versões autorais do clássico drinque italiano que há quase um século conquista corações e paladares.
A história sussurrada nas paredes dos bares de Florença conta que o Negroni nasceu da ousadia de um nobre. O Conde Camillo Negroni, cansado de seu Americano habitual, pediu ao bartender para que ele fizesse um drinque mais potente, substituindo a água com gás por gin. O resultado foi um elixir de vermelho vibrante, uma união perfeita entre o amargo do Campari, a doçura do vermute e a força do gin. O que era para ser apenas um capricho, tornou-se um ícone global, um coquetel que celebra a elegância, a tradição e o equilíbrio.
O grande campeão, o mexicano Jorge Eduardo Urbano, não apenas criou um coquetel, mas uma viagem às profundezas de suas raízes. Seu Negroni autoral rompeu com a convenção, trocando o gin pelo Mezcal Montelobos Espadin Ancestral, infusionado com a casca ancestral do cacau. O vermute, por sua vez, ganhou um toque de lactofermento de huitlacoche — um fungo do milho, considerado uma iguaria mexicana — e um final aveludado de mel de abacate. O resultado foi uma bebida que traduzia o México em cada gole: um amargor terroso, uma doçura sutil e uma complexidade que só a história pode oferecer.
O Brasil não passou despercebido. Em segundo lugar, o curitibano Alieksey Machinsky apresentou o “Cobogoró”, uma ode líquida à brasilidade. Seu Negroni trouxe o calor da cachaça de amburana, a picância sutil da pimenta e a energia inconfundível do guaraná artesanal, unindo o Campari ao aperitivo de jurubeba. Um coquetel que, nas palavras de seu criador, era um brinde com ingredientes que “só temos aqui”.
Completando o pódio, o peruano Rodrigo Cabrera trouxe um Negroni com alma andina, mesclando vermutes, o sabor único do licor de Aji Mochero e a infusão de tonka, em um drinque que celebrava a rica diversidade de seu país.
Ao final da noite, o troféu e o título de embaixador global da Campari, entregues ao vencedor, selaram um novo capítulo na história do clássico italiano. O Negroni, que nasceu em uma pequena rua de Florença, agora viaja o mundo com a força e a alma vibrante da América Latina, provando que um ícone nunca está completo; ele está sempre evoluindo.


