ter. dez 16th, 2025

Roma discute ingresso pago na Fontana di Trevi para conter multidões proteger seu símbolo


A ideia de pagar para poder ver a Fontana di Trevi voltou ao centro do debate em Roma. Segundo o Corriere della Sera, a proposta em estudo prevê a introdução de um ingresso de 2 euros para turistas, enquanto o acesso continuaria gratuito para os moradores da capital. A medida, se adotada, teria um impacto potencial relevante: apenas no primeiro semestre do ano, a fonte tardo-barroca foi visitada por mais de 5 milhões de pessoas e poderia gerar receitas estimadas em cerca de 20 milhões de euros por ano.

Poucas horas depois da repercussão da notícia, porém, veio o esclarecimento oficial. Fontes do Campidoglio afirmaram que, neste momento, não existe nenhuma data definida nem uma decisão formal. A cobrança, segundo a prefeitura, é apenas uma hipótese de trabalho que vem sendo avaliada há algum tempo, sem cronograma ou modelo aprovado.

Data marcada ou não, o debate toca em um ponto sensível e cada vez mais urgente: como tornar o turismo sustentável em uma cidade que vive sob pressão constante de visitantes. Roma é hoje um dos símbolos globais do chamado overtourism.

A Fontana di Trevi, atrás apenas do Coliseu em número de visitantes, já opera com acesso controlado desde dezembro, permitindo a permanência simultânea de no máximo 400 pessoas na praça. Uma tentativa de preservar o monumento e, ao mesmo tempo, garantir uma experiência minimamente digna para quem chega.

O momento não poderia ser mais delicado. A capital italiana atravessa uma fase de forte crescimento turístico, com números recordes em feriados, eventos e períodos de alta temporada. Esse fluxo constante traz riqueza, mas também desgaste: ruas congestionadas, espaços históricos sobrecarregados, lixo, degradação e conflitos crescentes entre moradores e visitantes. Um cenário que não é exclusivo de Roma, mas que se repete em cidades como Veneza, Florença, Barcelona, Paris e até destinos fora da Europa.

A introdução de ingressos simbólicos, sistemas de reserva ou acessos limitados vem sendo testada em várias partes do mundo como forma de regular os fluxos, financiar manutenção e proteger patrimônios frágeis. O exemplo mais próximo em Roma é o Panteão, que desde 2023 cobra entrada e destina os recursos à conservação do monumento. A Fontana di Trevi, com sua escala monumental e apelo global, entra agora nesse mesmo raciocínio.

Nem todos concordam. Associações de consumidores, como o Codacons, criticam a “monetização” de praças e fontes históricas, defendendo que os espaços públicos devem permanecer gratuitos. Ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade de limitar o número de visitantes para evitar superlotação e danos ao patrimônio.

No fundo, o debate vai além dos 2 euros. Trata-se de repensar o modelo turístico das grandes cidades históricas: menos quantidade, mais qualidade; menos consumo rápido, mais respeito pelo lugar. Para uma cidade como Roma, que concentra séculos de história em poucos quilômetros quadrados, encontrar esse equilíbrio deixou de ser uma escolha e passou a ser uma necessidade.

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