seg. dez 22nd, 2025

Roma confirma ticket na Fontana di Trevi e avança no combate ao turismo excessivo


Como já havíamos antecipado dias atrás, a proposta de cobrar um ticket para acessar a Fontana di Trevi deixou de ser apenas uma hipótese e virou decisão oficial. A partir de 1º de fevereiro, turistas passarão a pagar 2 euros para acessar a área frontal do monumento mais emblemático de Roma, enquanto residentes seguirão entrando gratuitamente. A medida foi anunciada pelo prefeito Roberto Gualtieri e marca uma mudança importante na forma como a capital italiana lida com seus fluxos turísticos recordes.

A Fontana di Trevi é hoje um dos pontos mais visitados da Europa. Só no último ano, recebeu cerca de 9 milhões de visitantes, com uma média de 30 mil pessoas por dia e picos que chegaram a 70 mil. O novo sistema prevê acesso controlado durante o dia, enquanto a visita seguirá totalmente gratuita entre 22h e 9h, inclusive para turistas. Segundo a prefeitura, o objetivo não é “fechar” a fonte, mas melhorar a qualidade da experiência, reduzir o superlotamento e garantir recursos estáveis para manutenção e segurança.

Além da Fontana di Trevi, o Campidoglio também introduzirá um ingresso de 5 euros para outros cinco espaços culturais até então gratuitos: a Villa de Massenzio, o Museu Napoleônico, o Museu Giovanni Barracco, o Museu Carlo Bilotti e o Museu Pietro Canonica. Em contrapartida, todos os museus e sítios municipais passarão a ser gratuitos para moradores e estudantes de Roma e da Cidade Metropolitana, reforçando a ideia de que o patrimônio cultural é, antes de tudo, um direito de cidadania.

A prefeitura estima arrecadar cerca de 6,5 milhões de euros por ano apenas com o ticket da Fontana di Trevi. Os recursos serão destinados a um fundo específico para conservação, decoro urbano e valorização do patrimônio histórico, num momento em que os investimentos extraordinários do pós-PNRR começam a diminuir. Também está previsto o fortalecimento da Mic Card, que dará acesso facilitado, reservas dedicadas e benefícios culturais aos residentes.

A decisão, no entanto, não é consenso. O Codacons criticou a iniciativa, classificando-a como uma “monetização excessiva” de um bem cultural simbólico. A administração municipal rebate afirmando que o controle de acesso ajudará a reduzir furtos, comportamentos inadequados e a pressão diária sobre um dos monumentos mais frágeis da cidade.

Mais do que uma simples taxa, o ticket da Fontana di Trevi representa um novo modelo de gestão do turismo urbano, já adotado em diferentes formas por cidades como Veneza e Florença. Para Roma, é um passo delicado, mas estratégico: proteger sua identidade histórica sem abrir mão de continuar sendo uma das capitais culturais mais desejadas do mundo.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *