qui. ago 21st, 2025

Roberto Capucci, o gênio silencioso da moda-escultura.

Em um universo da moda marcado pelos refletores e pela velocidade implacável do mercado, o nome de Roberto Capucci ainda ressoa com uma aura de singularidade. Conhecido como o “mestre das formas”, ele transformou o vestido em obra de arte, rompendo convenções da alta-costura italiana e conquistando um lugar de honra na história do vestuário internacional.
Desde os anos 1950, quando despontou como jovem estilista romano, Capucci chamou atenção por uma abordagem radicalmente inovadora. Enquanto muitos buscavam apenas a linha perfeita para vestir o corpo, ele erguia verdadeiras arquiteturas têxteis: vestidos escultura capazes de dialogar com o espaço e a luz. Pregas complexas, volumes inéditos e geometrias inspiradas na natureza e nas artes se tornaram sua linguagem própria. Não à toa, foi saudado como o enfant prodige da moda italiana, elogiado por Christian Dior e celebrado pela imprensa como “o novo Balenciaga”.
Suas criações vestiram divas e rainhas, mas o glamour nunca foi o seu objetivo final. O território de Capucci sempre foi a pesquisa, a liberdade criativa. Em 1980, em protesto contra a crescente lógica comercial das passarelas, decidiu abandonar os desfiles para se dedicar a exposições em museus e galerias — reafirmando que seu trabalho pertencia mais ao campo da arte do que ao prêt-à-porter.
Seu percurso, muitas vezes solitário e contra a corrente, lhe garantiu um reconhecimento duradouro. Em 2005, Florença inaugurou a Fundação Roberto Capucci, guardiã de centenas de suas criações e de um vasto arquivo que testemunha mais de meio século de experimentações.
Hoje, em plena era da moda rápida e da homogeneização global, a mensagem de Capucci soa mais atual do que nunca: a moda pode ser arte, pode desafiar o tempo e libertar-se das lógicas do consumo para se tornar pura expressão criativa. Um legado precioso que continua a inspirar novas gerações de designers — lembrando-nos que, por trás de um vestido, pode estar muito mais do que a simples elegância: pode haver uma verdadeira visão de mundo.

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