O futuro do tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul passa por Roma: a posição do governo de Giorgia Meloni pode definir se a histórica parceria entre o Velho Continente e a América do Sul, capaz de criar um mercado de 700 milhões de consumidores, finalmente sairá do papel ou seguirá bloqueada no labirinto político europeu. É o que aponta a CNN Brasil, citando fontes do Itamaraty. Para diplomatas brasileiros, Roma ocupa hoje um papel decisivo no Conselho Europeu, instância que tem a palavra final sobre um acordo que já se arrasta há mais de duas décadas.
Para que o pacto seja aprovado, é necessário que ao menos 15 dos 27 Estados-membros da UE votem a favor, representando juntos pelo menos 65% da população do bloco. França e Polônia, onde o lobby agrícola é particularmente forte, ainda levantam dúvidas, e uma rejeição de ambos já retiraria quase um quarto da representatividade populacional necessária.
Nesse cenário, o posicionamento italiano ganha força. Com cerca de 13% da população da União Europeia, um eventual voto contrário de Roma poderia enterrar o acordo.
Apesar da resistência do setor agrícola local, as sinalizações vindas do governo de Giorgia Meloni têm sido interpretadas em Brasília como favoráveis. Interlocutores do Itamaraty relatam confiança de que a primeira-ministra buscará equilibrar os interesses internos com a oportunidade de ampliar os laços comerciais com a América do Sul.
Além das grandes potências agrícolas, outro ponto de atenção é a articulação de países menores, como Irlanda, Áustria, Holanda e Bélgica. Se unidos, eles poderiam somar votos e população suficientes para comprometer o quórum necessário. Por isso, diplomatas brasileiros acompanham de perto seus movimentos.
Há a percepção em Brasília de que o Conselho Europeu só colocará o tema em pauta quando houver clareza sobre os apoios necessários. O próprio envio do tratado ao conselho, avaliam fontes diplomáticas, é um sinal de que a Comissão Europeia acredita ter chances reais de avançar.
Depois do Conselho, a etapa seguinte será a votação no Parlamento Europeu, onde bastará maioria simples para a ratificação. As contas preliminares do governo brasileiro apontam para um resultado apertado, mas inclinado a favor do acordo.