qui. dez 25th, 2025

Panetone ou Pandoro? A disputa natalina mais doce (e mais divertida) da Itália

Esqueça o dérbi entre Inter e Milan ou as discussões políticas no Senado Romano. Na Itália, a verdadeira batalha de dezembro acontece em cima da mesa, entre dois gigantes dourados e fermentados. De um lado, o Panetone, recheado de história (e passas). Do outro, o Pandoro, macio e coberto de açúcar.

A pergunta nunca é feita em voz alta, mas está no ar: Panetone ou Pandoro?

A dúvida é antiga, tão antiga quanto as receitas que atravessam gerações, as tradições familiares e os argumentos que parecem sempre novos, embora sejam repetidos há décadas. O panetone, nascido em Milão, carrega consigo uma aura de nobreza natalina: massa alta, fermentação lenta, frutas cristalizadas e uvas-passas que dividem opiniões com a mesma intensidade que política ou futebol. Seus defensores falam em complexidade, história, caráter.

O pandoro, vindo de Verona, não compete em barulho. Prefere a estratégia do silêncio: uma massa macia, dourada, sem recheios, coberta apenas por açúcar de confeiteiro. Nada distrai do essencial. É doce, simples e perigosamente fácil de gostar, especialmente para crianças, mas não só elas.

A cada Natal, a cena se repete. Há quem coma primeiro um pedaço “só para experimentar” e depois escolha seu favorito. Há quem se declare fiel a um dos lados antes mesmo da sobremesa chegar à mesa. Há ainda quem retire discretamente as frutas do panetone, achando que ninguém está olhando. Tudo isso acontece enquanto a Itália consome milhões desses bolos fermentados, só em dezembro, mais de 30 milhões, transformando-os no verdadeiro símbolo das festas.

Mas, afinal, o que os italianos realmente preferem?

Por muito tempo, essa resposta viveu no território da intuição e das discussões familiares. Até que alguém resolveu medir. Uma pesquisa nacional recente ouviu consumidores de todas as regiões do país, cruzou hábitos, idades, gostos e tradições. Os números ficaram prontos. O veredito, selado. O suspense, inevitável.

Antes de revelar o resultado, vale lembrar: não se trata de uma vitória esmagadora. Nada de unanimidade. A diferença é mínima, quase cruel. Daquelas que garantem que a discussão continue viva no próximo Natal, no seguinte e no outro depois dele.

E agora, o momento decisivo.

Segundo os dados da pesquisa realizada pela AstraRicerche, encomendada pela Unione Italiana Food o Pandoro vence. Por pouco, muito pouco: 52,6% da preferência nacional, contra 47,4% do panetone. Uma vitória apertada, quase tímida, exatamente do jeito que o pandoro gosta.

Mas talvez o dado mais curioso não esteja nos números. Está no comportamento que eles não conseguem medir. Porque, logo após a revelação do vencedor, acontece algo previsível e profundamente italiano: alguém se levanta, abre outra caixa e diz que um pedaço do “perdedor” também não faz mal.

No fim das contas, o verdadeiro triunfo não é do panetone nem do pandoro.
É da tradição de discutir, discordar… e terminar o Natal com açúcar no prato, migalhas na toalha e a certeza de que essa história vai recomeçar no ano que vem.

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