qui. set 11th, 2025

O tesouro inacabado: o patrimônio imobiliário do Vaticano entre valores, lucros e desafios.

O Vaticano possui um patrimônio imobiliário de grande relevância, mas que se revela mais complexo (e menos monetizável) do que muitas vezes se acredita. Da gestão aos lucros gerados, entrelaçam-se números surpreendentes e contradições estruturais.

O valor estimado do patrimônio imobiliário diretamente vinculado à Santa Sé foi recentemente revisado: a APSA, administração patrimonial, reduziu a avaliação de cerca de €2,74 bilhões para €2,6 bilhões, após nova análise de seus ativos.

Algumas estimativas mais amplas, que incluem imóveis eclesiásticos em toda a Itália (além dos vaticanos), chegam a €42,5 bilhões para cerca de 45.927 edifícios, com área total de 38,6 milhões de metros quadrados, segundo o Observatório do Politécnico de Milão.

Outras análises mais prudentes apontam valores bem mais modestos, em torno de €3 bilhões.

São mais de 5.000 imóveis pertencentes à Santa Sé, com uma área total de aproximadamente 1,5 milhão de metros quadrados, concentrados principalmente em Roma.

Desses:

19,2% são alugados a valores de mercado;

10,4% a preços subsidiados;

70,4% são concedidos gratuitamente para usos eclesiásticos (igrejas, escolas, hospitais, centros paroquiais…).

Essa dinâmica pesa nos custos de manutenção e gestão.

Em 2023, a APSA registrou um lucro líquido de €45,9 milhões, destinando um dividendo de €37,9 milhões ao Papa Francisco. Já em 2022, o lucro imobiliário havia sido maior, alcançando €52,2 milhões.

Em 2024, as reformas em curso levaram a um aumento nas receitas: €62,2 milhões de lucro total (imobiliário e financeiro), graças à reavaliação de aluguéis, maior transparência e racionalização administrativa.

As diversas iniciativas introduzidas durante o pontificado de Francisco, desde revisões contratuais até mecanismos de controle mais transparentes, já mostram resultados concretos. No entanto, persistem dificuldades: um déficit previdenciário “potencialmente superior a €1,5 bilhão”, queda nas doações e lentidão em adaptar imóveis ociosos para usos mais lucrativos.

Concluindo o chamado “tesouro imobiliário” do Vaticano é amplo, mas muitas vezes pouco explorado como fonte de receita. As recentes reformas melhoraram a eficiência e os resultados financeiros, mas os desafios estruturais, como déficits e custos previdenciários – permanecem. O futuro exige equilíbrio entre valorização patrimonial e responsabilidade institucional.

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