O novo diretor do Laboratório de Restauração de Pinturas e Materiais de Madeira dos Museus Vaticanos, Paolo Violini, anunciou um importante trabalho de manutenção extraordinária no afresco O Juízo Final, de Michelangelo, previsto para os primeiros meses de 2026.
A decisão se deve ao alto número de visitantes que, embora gerido com operações frequentes de manutenção preventiva, continua exercendo impacto significativo no estado de conservação da obra.
A intervenção extraordinária começará em janeiro de 2026 e deverá durar cerca de três meses, com o objetivo de liberar a parede antes do início da Semana Santa. Será montado um andaime cobrindo toda a parede do Juízo Final, composto por cerca de doze níveis de trabalho e equipado com elevador, o que permitirá reduzir o tempo das operações e possibilitar que 10 a 12 pessoas atuem simultaneamente, mantendo contato próximo com a obra sem comprometer a visibilidade do público.
Os trabalhos serão conduzidos pela equipe de 26 restauradores do laboratório interno, com eventual apoio de colaboradores externos. Paolo Violini destacou que o projeto se apoia em uma cultura de conservação que preserva a continuidade geracional, unindo ofício, dedicação técnica, cuidado espiritual e respeito simbólico pelas obras religiosas.
Paralelamente, será iniciado um restauro de cinco anos da Loggia de Rafael. Essa decoração — composta por quatorze vãos de estuques e afrescos, realizados por Giovanni da Udine e outros colaboradores — é considerada um autêntico patrimônio da humanidade, sendo um modelo difundido do gênero decorativo das “grotescas”, inspirado na Roma Antiga.
O projeto marca um momento crucial para o patrimônio cultural do Vaticano: não apenas por envolver uma das obras mais icônicas da história da arte, mas também por representar a sinergia entre rigor técnico, respeito espiritual e visão de longo prazo necessária para preservar os tesouros da humanidade.