Visitar Roma e, ao mesmo tempo, escapar da multidão enlouquecida? Parece uma missão impossível, mas não é. A pergunta é: o que ver em Roma sem acabar no tumulto? A resposta está em museus, igrejas e palácios que permanecem inexplicavelmente fora dos roteiros turísticos clássicos — lugares que oferecem a tranquilidade necessária para apreciar, em paz, a beleza da cidade e da sua arte.
CENTRALE MONTEMARTINI
A Centrale Montemartini é uma das experiências museológicas mais surpreendentes de Roma: unir os espaços de uma antiga usina elétrica desativada a uma coleção de antiguidades de tirar o fôlego. Localizado na Via Ostiense, é hoje um dos museus arqueológicos mais originais e sugestivos da capital.
HORTO BOTÂNICO
Um bosque de bambus tão impressionante que, ao se deparar de repente com a fonte monumental do Gianicolo, é difícil acreditar que ainda se está em Roma. Mas o horto botânico vai muito além: reúne árvores centenárias, uma estufa de orquídeas, um jardim japonês e até um horto de plantas medicinais.
BASÍLICA DE SANTA CECÍLIA EM TRASTEVERE
Na Idade Média, era tradição decorar a parede de entrada das igrejas com a cena do Juízo Final, para lembrar aos fiéis — ao saírem do templo, de volta às tentações do mundo — o destino reservado aos pecadores incorrigíveis. O mesmo acontecia em Santa Cecília em Trastevere, até que, no século XVI, os afrescos de Pietro Cavallini foram cobertos sem grandes cuidados. Hoje, esse artista, pouco lembrado, mas considerado nos séculos XIII e XIV um rival à altura de Giotto, volta a ser redescoberto.
No início do século XX, as pinturas vieram à luz novamente. Para vê-las, é preciso tocar a campainha ao lado da entrada da basílica: dali, muitas vezes em abençoada solidão, pega-se o elevador até ficar frente a frente com Cristo, os apóstolos, santos e demônios. Uma experiência que é quase como estar no Paraíso.
MUSEU DAS MURALHAS
Há muitos motivos para visitar o Museu das Muralhas, em Porta San Sebastiano. O primeiro deles: é possível realmente caminhar sobre as Muralhas Aurelianas, imaginar o percurso dos soldados que defendiam a cidade e descobrir panoramas inesperados em direção à Via Ápia Antiga. Além disso, o espaço é sempre tranquilo, nunca lotado — e a entrada é gratuita.
PALÁCIO DORIA PAMPHILJ
Um verdadeiro oásis no meio da movimentada Via del Corso, o Palazzo Doria Pamphilj chama a atenção já pelo claustro. Para quem decide entrar, a surpresa é ainda maior: uma coleção extraordinária, com obras de Caravaggio, Ticiano, Rafael, Annibale Carracci, Bernini, Algardi e Velázquez.
PARQUE PINETA SACCHETTI
A Pineta Sacchetti é multifuncional: serve para correr, para quem decide matar aula, para passear com o cachorro ou simplesmente para caminhar de mãos dadas com alguém especial. Não é à toa que esse parque — a segunda maior área verde da cidade — entrou na lista dos Luoghi del Cuore do FAI. Até Gabriele D’Annunzio escreveu sobre sua atmosfera especial.
PARQUE DA MADONNETTA
Entre a cidade e o mar, o Parque da Madonnetta é um espaço verde pouco conhecido pelos turistas, mas muito valorizado pelos moradores da região. Com um pouco de disposição e uma breve caminhada, é possível até assistir ao pôr do sol sobre o mar — um privilégio raro em Roma.
TÚNEL HIDRÁULICO DE CASAL DEL MARMO
À primeira vista, parece apenas uma periferia sem atrativos. Mas ali se esconde um túnel da época etrusca, com mais de meio quilômetro de extensão, usado ao longo dos séculos como canal de drenagem das colinas acima. Participar de uma visita é, de fato, descobrir uma Roma inesperada.
LAGUINHO DO PARQUE DOS AQUEDUTOS
Antigamente, seis dos onze aquedutos que abasteciam Roma passavam por essa região. Ainda hoje é possível seguir, no parque, a imponência dos traçados da época imperial. A água continua sendo uma presença viva nesses lugares, e o pequeno lago — eleito pelos romanos como um dos “lugares do coração” no censo FAI de 2025 — é uma pausa deliciosa durante um passeio pelo verde.