Laspro (MAIE) critica o Decreto Tajani: “os brasileiros de origem italiana se sentem traídos”

A coordenadora do Movimento Associativo Italianos no Exterior no Brasil (Maie), Luciana Laspro, afirmou que o sentimento entre os ítalo-brasileiros diante do chamado “Decreto Tajani” é de “injustiça e traição, porque a cidadania italiana é um direito de sangue, não um privilégio político”. Em entrevista publicada pela agência Aise, Laspro explicou o clima de indignação provocado pela lei que limita o reconhecimento da cidadania italiana iure sanguinis e os novos rumos do movimento no Brasil.

Sobre o polêmico “Decreto Tajani”, Luciana Laspro afirmou que “os brasileiros de origem italiana estão indignados. O sentimento é de injustiça e de traição, porque a cidadania italiana é um direito de sangue, não um privilégio político”. Para ela, o decreto — já convertido em lei — “representa uma tentativa clara de romper o vínculo entre milhões de famílias e suas raízes italianas”, e destacou que o movimento tem recebido mensagens diárias de preocupação. “O Maie se tornou a voz dessa indignação, lutando dentro e fora das instituições italianas pela revogação de uma medida absurda”, completou.

Além da questão da cidadania, Laspro reconhece que há muito a ser feito em relação aos serviços consulares. “Apesar de alguns avanços tecnológicos e da dedicação de muitos funcionários, a estrutura ainda é insuficiente diante da enorme demanda do Brasil. Faltam investimentos, pessoal e modernização em diversos setores”, afirmou.
Ela acrescentou que o Maie continua pedindo “soluções concretas, com aumento de recursos e mais autonomia administrativa para os consulados”.

A campanha nacional e um novo ciclo para o Maie no Brasil

Segundo Laspro, o congresso do Maie realizado em Vitória marcou o início de uma nova fase. “O congresso de Vitória representou um ciclo de fortalecimento e renovação do Maie no Brasil. Saímos de lá com uma estrutura mais organizada, coordenadores regionais motivados e uma agenda concreta de ações em favor da comunidade italiana em todo o país”, contou. Ela destacou que o objetivo agora é ampliar a presença do movimento nas principais cidades e estados, promovendo encontros, debates e iniciativas culturais que reforcem o laço entre Brasil e Itália.

O Brasil, lembra Laspro, “é um continente”. E, por isso, “sem uma rede estruturada e ativa seria impossível responder às necessidades da comunidade italiana espalhada por todo o território”.
Para a coordenadora, os representantes regionais são peças fundamentais: “Eles representam o Maie localmente, identificam as demandas, promovem o diálogo com as instituições e mantêm viva a italianidade em suas regiões. A união e a comunicação constante entre eles fazem toda a diferença”.

Sobre as próximas iniciativas, Laspro antecipou que o Maie pretende “reforçar a representação dos italianos no exterior, garantindo que sua voz seja ouvida em Roma”.
O movimento continuará promovendo encontros com a comunidade, incentivando a participação cívica e apoiando projetos culturais e educativos voltados às novas gerações. “Estamos preparando uma grande campanha informativa sobre direitos e cidadania, para combater a desinformação e aproximar ainda mais a Itália do Brasil”, concluiu.