seg. nov 17th, 2025

Hora legal permanente: Itália acelera o debate com apoio popular e promessa de economia milionária

A Itália reacende um tema que há anos divide opiniões, mas chegue sempre com a forza dos números: a adoção da hora legal durante todo o ano. A iniciativa, impulsionada por 352 mil assinaturas de cidadãos e por um apoio crescente em toda a Europa, entra oficialmente no Parlamento no dia 17 de novembro, marcando um passo decisivo em um debate que envolve energia, saúde, segurança e hábitos sociais.

O pedido dos cidadãos chega à Câmara

Na segunda-feira, às 14h30, a Comissão de Atividades Produtivas da Câmara dos Deputados irá receber o pedido de abertura de uma investigação parlamentar sobre os impactos da hora legal permanente. A proposta é promovida pela Sima (Sociedade Italiana de Medicina Ambiental), pela Consumerismo No Profit e pelo deputado Andrea Barabotti.

Será também o momento em que serão entregues oficialmente as 352 mil assinaturas da petição que pede o fim da troca semestral entre horário de verão e horário padrão. O estudo – caso aprovado – deverá analisar o tema de forma ampla: consumo energético, impactos ambientais, efeitos sobre a saúde, segurança pública e até mudanças nos comportamentos sociais. O prazo para apresentar uma proposta de lei é 30 de junho de 2026.

A Europa volta a olhar para o relógio

Não é a primeira vez que o continente discute o assunto. Em 2018, uma consulta pública da Comissão Europeia reuniu 4,6 milhões de respostas, com 84% favoráveis ao fim do troca-troca do relógio. O Parlamento Europeu votou uma diretiva em 2019, mas divergências entre os países e a chegada da pandemia congelaram tudo.

Agora, o tema volta a ganhar força. Na Espanha, o primeiro-ministro Pedro Sánchez reacendeu o debate ao afirmar que a mudança de horário “não faz sentido” e ao pedir à União Europeia que retome um dossiê abandonado há anos. O comissário europeu de Energia, Dan Jørgensen, confirmou que um novo estudo será realizado: “É uma questão que envolve milhões de europeus”, disse.

Economia e ambiente: os números que impulsionam a mudança

Os defensores da hora legal permanente destacam dados robustos. Entre 2004 e 2025, o sistema garantiu ao país:
• 2,3 bilhões de euros economizados em contas de energia;
• mais de 12 bilhões de kWh evitados;
• redução anual entre 160 mil e 200 mil toneladas de CO₂, equivalente ao impacto ambiental de 2 a 6 milhões de árvores.

Somente nos primeiros sete meses de 2025, segundo a Terna, a hora legal poupou mais de 90 milhões de euros ao sistema elétrico italiano. As projeções indicam que, mantendo o horário de verão durante todo o ano, a Itália poderia economizar até 180 milhões de euros por ano, com um corte adicional de 720 milhões de kWh de consumo energético.

Saúde, segurança e vida cotidiana: os argumentos dos especialistas

A Sima destaca que o retorno ao horário solar provoca uma alteração brusca no ritmo circadiano, afetando:
• qualidade do sono;
• humor e concentração;
• frequência cardíaca e pressão arterial.

Estudos apontam ainda um aumento de acidentes de trânsito e de trabalho na semana seguinte à mudança para o horário de inverno, além de impactos na segurança pública: mais escuridão no final do dia significa mais oportunidades para crimes.

Com mais luz natural nas horas da tarde e da noite, comércio, restaurantes e turismo registrariam maior movimento, ampliando a “temporada econômica” de vários setores.

Um caminho ainda longo, mas finalmente iniciado

A abertura da investigação parlamentar não garante a adoção imediata da hora legal permanente. O Parlamento precisará avaliar cuidadosamente todos os impactos e dialogar com o restante da Europa para evitar desencontros no transporte, logística e mercado interno.

Mas uma coisa é certa: o processo começou.

E, pela primeira vez em anos, a possibilidade de manter o relógio adiantado o ano todo deixa de ser apenas uma discussão cíclica para se tornar uma proposta concreta, sustentada por ciência, dados econômicos e a vontade de centenas de milhares de italianos.

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