qui. out 30th, 2025

Cresce a febre de Halloween na Itália: a “abóbora economy” movimenta 30 milhões de euros

Cresce a febre de Halloween na Itália, e ela movimenta muito dinheiro. Segundo dados da Coldiretti, a chamada “abóbora economy” já rende mais de 30 milhões de euros, entre agricultura, gastronomia e turismo. Um negócio sazonal que vai da mesa à decoração, das colheitas ao carving das famosas abóboras iluminadas que, até pouco tempo atrás, pareciam coisa de filme americano. Números que mostram como na Itália – país dos santos e das tradições familiares – uma festa de origem estrangeira, impulsionada pelo grande apelo comercial e pela empolgação das crianças, acabou criando raízes culturais e econômicas sólidas no país. 



Este ano, a produção italiana de abóboras chegou a 40 mil toneladas, com destaque para regiões como Lombardia, Emilia-Romagna e Vêneto, responsáveis por grande parte da área cultivada: cerca de 2 mil hectares em todo o país. O preço médio gira em torno de 2 euros o quilo, podendo triplicar quando vendida já cortada e limpa. A maioria das abóboras italianas ainda é destinada ao consumo alimentar (como deveria ser, afinal), mas cresce rapidamente o cultivo de variedades ornamentais e de competição, algumas chegando a pesar mais de mil quilos. São as protagonistas dos concursos e festivais que marcam o Halloween italiano. Um fenômeno recente, mas cada vez mais popular.

Entre as espécies mais queridas estão as tradicionais Cappello del Prete, Violina, Trombetta e Delica, que os produtores defendem como parte da herança agrícola italiana, frente à invasão das variedades estrangeiras como a Butternut e a Asterix.
Por muito tempo, o Halloween foi visto como uma curiosidade estrangeira, sem raízes na cultura italiana. Mas hoje, basta passear por Roma, Milão ou Nápoles para perceber a mudança: vitrines laranja e pretas, escolas organizando festas temáticas, bares com coquetéis “assustadores” e até procissões de crianças fantasiadas de bruxas e vampiros pedindo doces pelas ruas.

O que começou como um modismo importado dos Estados Unidos virou um fenômeno comercial e social, especialmente entre os mais jovens. Em muitas cidades, o Halloween se mistura às comemorações do Dia de Todos os Santos (Ognissanti) e do Dia dos Mortos, criando uma espécie de “outubro híbrido”, entre o sagrado e o divertido.

Para os agricultores italianos, essa onda “dark” tem um lado positivo: o aumento da demanda por abóboras estimula a produção local e valoriza a diversidade regional. Além das vendas diretas, crescem as rotas turísticas rurais, com feiras, festivais e pumpkin patches (fazendas abertas à visitação), principalmente em regiões como Toscana, Úmbria e Piemonte.

Na gastronomia, o momento é de ouro: chefs reinterpretam a abóbora em risotos, massas, tortas e sobremesas, unindo o espírito de Halloween ao sabor autêntico da cozinha italiana. Até mesmo os baristas entram na onda com versões artesanais do pumpkin spice latte, preparado com ingredientes locais.

A “febre de Halloween” na Itália reflete uma tendência mais ampla: a internacionalização dos costumes, reinterpretada à maneira italiana. As festas continuam sendo motivo de reunião, partilha e criatividade. Valores que, no fundo, não estão tão longe das tradições de outrora. E assim, entre santos e fantasmas, entre velas e lanternas de abóbora, o país celebra um outono diferente. A zucca, símbolo da colheita e agora também do susto, confirma o que os italianos sabem bem: qualquer tradição, com o toque certo, pode virar arte… e economia.
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