qui. set 4th, 2025

Cremolato: O encanto frutado que nasceu por acaso em Roma.

ByStella Rimini

2 de setembro de 2025 , ,

A capital italiana é um palco de sabores que se entrelaçam com a história de suas ruas de paralelepípedos. Se o gelato é o rei incontestável, a Roma dos dias quentes reserva uma surpresa para quem busca algo diferente, algo com uma textura e um sabor que são, por si só, uma viagem. Não é a granita siciliana, nem a popular grattachecca romana, mas sim o cremolato, uma invenção que surgiu de um acidente feliz e se tornou uma paixão local.

A história oficial do cremolato tem sabor de causalidade que se transforma em legado. Era abril de 1966 quando Umberto De Angelis, recém-estreando sua sorveteria no bairro Trieste, esqueceu um cesto de morangos no refrigerador. A fruta, que deveria estar completamente congelada, havia se transformado em algo mais. De Angelis, com sua expertise, trabalhou com a fruta resfriada, adicionando apenas uma pitada de açúcar. O resultado foi uma consistência firme, mas com uma cremosidade inesperada.O segredo do cremolato está em sua simplicidade majestosa: ao menos 80% de frutas frescas, complementadas apenas por água e açúcar, sem recorrer a xaropes prontos ou misturas industrializadas . Algumas versões incluem um toque de panna montata (chantilly) — tradição romana que alguns adoram tanto que se torna elemento indispensável.

Dentro da Casa del Cremolato, que há décadas difunde esse legado, a preparação segue ritual preciso: frutas maduras são congeladas e, no balcão, quebradas manualmente até atingirem a textura ideal, cremosa, com pedaços discerníveis, refrescante no ponto certo.

Para apreciar o que torna o cremolato tão especial, é útil compará-lo com suas primas geladas:

  • Granita siciliana: nasce de uma lenta cristalização com mexidas contínuas, produzida com sucos ou xaropes. Sua textura é granular e cristalina.
  • Grattachecca romana: gelo raspado de um bloco grande, coberto com xaropes ou sucos, de textura mais grossa.
  • Cremolato: quase uma polpa congelada, focado na fruta fresca, textura cremosa, sabor intenso, claramente diferenciado das versões mais líquidas ou açucaradas.

Para provar a autêntica delícia romana, a Casa del Cremolato continua sendo a referência máxima, com sabores que vão de figo e melão a amora e amêndoa. Outros locais notáveis incluem o Gelato d’Essai e I Mannari, de Geppy Sferra, onde o de framboesa é uma pedida obrigatória, e a Kappadue, uma sorveteria artesanal em San Giovanni que dedica uma seção inteira ao cremolato.

Explorar o cremolato é mergulhar na alma gastronômica de Roma, onde a simplicidade e a qualidade dos ingredientes criam uma experiência inesquecível. É uma viagem que vale a pena fazer, um sabor que se prende na memória e que, de fato, faz com que se sonhe em voltar à Cidade Eterna para mais um copo desta maravilha gelada.

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