ter. set 23rd, 2025

Café mais caro na Itália: tradição sob ameaça, mas o ritual continua forte

ByLuiz Antônio Cafiero

23 de setembro de 2025

Na Itália, o café não é apenas uma bebida: é um ritual. Uma pausa rápida no balcão do bar, um “ciao” apressado ao barista e aquele gole intenso de espresso que, por décadas, custava pouco mais de 1 euro. Agora, esse hábito tão democrático está sob pressão: segundo o Centro Estudos Unimpresa, o preço médio pode chegar a 2 euros por xícara até o fim de 2025, um aumento de mais de 50% em apenas cinco anos.

As razões estão espalhadas pelo globo: secas no Vietnã, chuvas fortes no Brasil, custos de energia em alta, logística cara e novas regras ambientais da União Europeia. Some-se a isso a especulação nos mercados, as tarifas mais altas nos Estados Unidos sobre o café italiano, e temos uma tempestade perfeita que empurra os preços para cima.

Ainda assim, os italianos não abrem mão do ritual. O país consome 327 milhões de quilos de café verde por ano, movimentando mais de 5,2 bilhões de euros. Uma cifra que deve superar os 6 bilhões até 2030. Mas se o espresso se tornar um luxo, perde-se justamente a sua magia: estar ao alcance de todos, todos os dias.

Curiosidades? Na Itália, o cappuccino só se toma de manhã, jamais depois do almoço. Em Nápoles, é comum o “caffè sospeso”: você paga dois expressos, um para você e outro deixa já pago quem passar depois e não pode pagar. Já em Trieste, berço do comércio de café europeu, pedir um “nero” é a forma local de pedir um espresso.

Diante da escalada dos preços, algumas torrefações italianas experimentam alternativas inusitadas: do café de grão-de-bico ao de caroço de tâmara. Mas, para os italianos, nada substitui o aroma e a intensidade de um espresso. Afinal, como dizem por lá, “senza caffè non si vive”, sem café não se vive.

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